quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

"As evangélicas mais gostosas",quando penso que acabou , surge um novo blog !

O ano está quase chegando ao fim , mas não poderiamos perder essa oportunidade de divulgar mais uma novidade do mundo evangélico : algumas jovens evangélicas resolveram mostrar o seu valor e criaram um blog com o título:"As evangélicas mais gostosas" ,http://asevangelicasmaisgostosas.blogspot.com/ 
"Para aqueles que amam mulher de verdade, com toda a feminilidade e uma sutil sensualidade, este é seu lugar, sem nudez ou conteúdo desrespeitoso;Evangelische Frauen in Brasilien sexy; Christian women and sexys Brazilian".
O mais interessante é o apelo sensual das "irmanzinhas" misturado com as vestes que geralmente são utilizadas por cristãs sinceras  que desejam ocultar ,e não revelar,  suas curvas.
A cada dia me impressiono mais com a criatividade dos "eleitos" , e com a forma que se tem observado bem a palavra de Deus no nosso arraial. 
E não atirem pedras nas irmanzinhas sem antes tirar a trave do olho de uma igreja que muitas vezes acha que Deus precisa da Rede Globo para ser glorificado, atirem a primeira pedra todos os cristãos que não fizeram da exposição na mídia e do show da fé a nova Canaã (Terra prometida).
Adilson Ferreira.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Chico Xavier: novos fatos




por Johnny Bernardo


Uberaba, sexta-feira, 7 da noite. Sessenta carros – de jipe a Mercedes – estão estacionados no quarteirão recém-asfaltado da Comunhão Espírita Cristã. As chapas variam de Monte Castelo a Guanabara, de Itumbiara, de São Paulo. O bairro é pobre, mal iluminado, cheio de crianças. Nesse bairro fica hoje o “Vaticano do Espiritismo”. Umas mil pessoas aguardam com ansiedade. Os que chegaram mais cedo conseguiram lugar no templo – um salão de 100 metros quadrados – e estão sentados ou em pé (…). Há duas filas que se confundem: uma para receber passes; outra de gente que espera as receitas de Chico Xavier.

Com essas palavras José Hamilton Ribeiro inicia sua narrativa sobre Chico Xavier, em matéria escrita para a revista Realidade. Era 1971. Hamilton e seu auxiliar chegam a Uberaba (MG) com o objetivo de entrevistar Chico Xavier. Vinte e seis anos haviam passado desde que outro repórter, David Nasser, da revista O Cruzeiro, visitara Chico e conseguira uma matéria inédita. Anos depois a popularidade de Chico continuava em alta, especialmente após sua participação [ao vivo e em cadeia nacional] do programa Pinga-Fogo. Outra coisa que não mudara era o acesso a ele: cada vez mais difícil e burocrático. Quem dava as cartas era Eurípedes dos Reis, filho adotivo de Chico que cinco anos mais tarde conseguiria procuração vitalícia do pai.

Com 61 anos e a saúde debilitada, Chico diminuía aos poucos suas aparições. Hamilton havia deixado a redação no Rio decidido a desmascarar o “médium”. Dirigiu-se a Comunhão Espírita Cristã aonde constatou: tinha truque ali. “Meu fotógrafo viu um dos assessores de Chico levantar o paletó discretamente e borrifar perfume no ar. As pessoas pensavam que o perfume vinha dos espíritos”, afirmou. A certeza de que o “médium” era um impostor viria sete horas depois, quando Chico entrega ao repórter a resposta de seu pedido em nome de Pedro Alcântara Rodrigues, Alameda Barão de Limeira, 1327, ap. 82, São Paulo.

Na letra inconfundível de psicografia, lá está: Junto dos amigos espirituais que lhe prestam auxílio, buscaremos cooperar espiritualmente em seu favor. O que pensar disso? Nem a pessoa com aquele nome, nem mesmo esse endereço existem. Eu os inventei”, revela Hamilton ao concluir a matéria. [1]

Em Chico Xavier temos um misto de psicose, charlatanismo, criptomnésia que dão a ele e aos seus seguidores pouca credibilidade. Na matéria a seguir abordaremos estes e outros aspectos relacionados ao “médium”, focando nossa atenção nos pós e contra – argumentos que giram em torno dele.

Chico Xavier: vida e mediunidade

Popularmente conhecido como Chico Xavier, Francisco de Paula Cândido Xavier nasceu em 2 de abril de 1910 na cidade mineira de Pedro Leopoldo. Órfão de mãe aos cinco anos foi obrigado a viver com sua madrinha, pois seu pai não podia cuidar de nove filhos. Sua infância foi turbulenta, devido aos maus tratos de sua madrinha, que o surrava, segundo seu depoimento, três vezes ao dia. Os maus tratos incluíam açoite com vara de marmelo [uma parte do galho do marmeleiro utilizada para punir escravos e crianças indisciplinadas] e garfadas na barriga. [2]

A suposta “mediunidade” de Chico Xavier teria começado por essa época, quando em meio às torturas praticadas por sua madrinha, dizia manter contato com sua mãe que o visitava diariamente. Assim viveu por dois anos, até que seu pai contraiu um novo matrimônio com Cidalia Batista, e pode voltar ao lar paterno. De volta ao convívio familiar, as visões de sua mãe cessam. O próximo “contato” mediúnico ocorreria alguns anos depois, quando em uma aula do 4º ano primário “afirmou ter visto um homem que lhe ditou as composições escolares”. [3]

Foi assim, entre visões de espíritos e o sofrimento decorrente da perda de sua mãe, que Chico cresceu até que um dia decidiu se dedicar de forma integral ao espiritismo. Ele havia acabado de completar 17 anos quando sua madrasta morreu e uma de suas irmãs iniciava um processo depressivo. Por orientação de um amigo e após uma visão de sua mãe [que o aconselhou a estudar os livros de Allan Kardec] foi que Chico mergulhou de vez no universo espírita. Em junho de 1927 ajudou a fundar o Centro Espírita Luiz Gonzaga e no mês seguinte começou o trabalho de psicografia.

Em 1931 ocorreria o que os espíritas chamam de “maioridade de Chico Xavier”, quando o médium realiza seu primeiro “contato” com Emmanuel. Com a ajuda de seu mentor espiritual, e após algumas psicografias publicadas em periódicos como O Jornal, do Rio de Janeiro, e Almanaque de Notícias de Portugal, Chico decide se dedicar a um novo projeto que culminaria com a publicação da obra “Parnaso Além-túmulo” [uma antologia de poemas atribuída a poetas mortos, incluindo os brasileiros Casimiro de Abreu e Olavo Bilac, além de quatro portugueses e um anônimo], em 1932.

Nos anos seguintes publica “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho” (1938) atribuída ao espírito de Humberto de Campos, ocasionando uma corrida judicial por parte da viúva de Humberto que acusou o médium de violação dos direitos autorais. Absolvido pela justiça, Chico substitui Humberto de Campos pelo pseudônimo “Irmão X”. Cinco anos depois surge a obra “Nosso Lar”, psicografia atribuída ao espírito André Luiz – pseudônimo para o médico Oswaldo Cruz. Foi com “Nosso Lar” que Chico viu seu prestígio crescer, transformando Pedro Leopoldo em um centro de peregrinações.

O Cruzeiro

Na mesma época desembarca em Minas David Nasser e o fotógrafo Jean Manzon da revista “O Cruzeiro” com o objetivo de realizar uma entrevista com o médium. Marcel Souto Maior relata.

Cansado de ser alvo da desconfiança e da curiosidade dos repórteres, Chico tentou escapar a todo custo, mas foi vencido por um artifício de Nasser. O repórter enrolou a língua, começou a falar num francês arrastado e, com a ajuda de seu partner estrangeiro, Jean Manzon, convenceu Chico de que eles tinham vindo de muito longe, de Paris, só para entrevistá-lo. Não poderiam voltar de mãos abanando…

Chico decidiu dar a primeira entrevista internacional de sua e foi além. “Reclamou do assédio da imprensa e dos visitantes – ou seja, jogou no lixo a água da paz – e pousou para fotos nas situações mais extravagantes. [4]

O Chico descrito pelos espíritas e seus simpatizantes não parece ser o mesmo que a História apresenta. A ideia de que ele não possuía formação acadêmica e que, devido a isso, não tinha condições de fazer o que fazia não se encaixa com a descrição que temos a partir de suas próprias declarações e a de terceiros. Nasser revela que Chico lia com frequência jornais e revistas. Ele também se refere a uma biblioteca pessoal e ao serviço como datilógrafo em uma fazenda da região [vide tópico: autodidata]. Essas características e outras mais de Chico nos fazem acreditar que ele era uma pessoa instruída, difícil de ser enganada por qualquer um. Ubiratan Machado, em “Chico Xavier, uma vida de amor”, nos oferece uma versão diferente da aceita pelos espíritas.

Já no Rio de Janeiro, David Nasser, que não abrira o livro recebido do médium, comentou com a esposa: ‘Ontem iludimos o Chico’. E narrou a astúcia empregada. ‘Iludiram coisa nenhuma’ – respondeu a esposa. – ‘Olha aqui a dedicatória’:

“Ao meu caro David Nasser, com o abraço do Chico Xavier”.

Desconcertado, o repórter ligou para o colega que o acompanhava. O fotógrafo correu, abriu o seu exemplar e lá encontrou a dedicatória: Ao meu caro Jean Manzon…”. [5]

Temos aqui duas questões importantes (1) Foi Nasser quem descobrira o fato e o comunicara ao fotógrafo e; (2) Teria sido Chico, e não Emmanuel, quem assinara a dedicatória. Mesmo que Chico tivesse usado o pseudônimo de Emmanuel [o que na verdade o era, dada todas as provas arroladas ao caso] para autografar o livro, ele o fez em plena consciência – isso porque, durante as quase uma hora e meia de entrevista, não houve qualquer manifestação mediúnica.

A convicção de que Nasser ficaria surpreso ao notar que sua identidade havia sido descoberta, poderia mudar os rumos da reportagem. A estratégia – Chico descobriria mais tarde – não surtira o efeito desejado. A resposta viria alguns dias depois: a revista “O Cruzeiro” publica uma matéria de dez páginas com o título “Chico Xavier, detetive do além” usando como ilustração uma foto do médium em uma banheira. Ao perceber que seu plano havia dado errado, Chico desaba em choro. E tinha razões para tal. A matéria cairia como uma luva nas mãos da família de Humberto de Campos, obrigando o juiz a condenar Chico como impostor.

A confissão de Amauri Pena

Filho de Maria Xavier, irmã mais velha de Chico Xavier, Amauri Pena nasceu em 1933, em Pedro Leopoldo; um ano e seis meses depois muda com sua família para Sabará (MG). Desde pequeno demonstrou interesse por literatura e aos dez anos já havia lido a versão “psicografada” de Parnaso Além-túmulo, de seu tio. Aos 13 começou a escrever poesias e despertou o interesse do professor Rubens Costa Romanelli, líder de um grupo espírita mineiro. Influenciado por Romanelli e pela aproximação com Chico Xavier, Amauri produziu seu primeiro texto “psicografado” intitulado “Os Cruziladas” – uma epopéia que descrevia o descobrimento do Brasil do ponto de vista espiritual, e que teria sido “assinada” por Camões.

A capacidade intelectual de Amauri, associada ao fato de ele ser sobrinho de Chico Xavier, despertou interesses promíscuos e estratégicos da FEB através de seus interlocutores mineiros da UEM, como Romanelli que a época era secretário do jornal O Espírita. Trazer Amauri para o espiritismo seria vital para a consolidação da doutrina no Brasil e no mundo. De um jovem intelectual e com um futuro promissor, Amauri foi aos poucos seduzido pelo espiritismo. Seu pai viu na proposta espírita uma oportunidade de fugir à pobreza, que a época atingia boa parte dos moradores de Sabará. Acuado, Amauri não viu alternativa a não ser se entregar aos interesses da FEB. Algo, porém, incomodava o poeta sabarense. Veio à depressão e o alcoolismo com suas consequências sociais. Sua família e especialmente seu pai não entendia os motivos de tanto desanimo. Mas Amauri sabia o porquê de sua degeneração. Em julho de 1958, então com 25 anos, procura a redação do Diário de Minas com a intenção de desabafar. Frei Boaventura descreve com fidelidade esse episódio.

Iam às coisas nas mais risonhas esperanças. E eis que, num belo dia de 1958, Amauri Pena procura a imprensa profana para fazer sensacionais declarações: “Tudo o que tenho psicografado até hoje – declarou – apesar das diferenças de estilo, foi criado por minha própria imaginação, sem que precisasse de interferência de almas de outro mundo”. E explicava: “Depois de ter-me submetido a esse papel mistificador, durante anos, usando apenas conhecimentos literários, resolvi, por uma questão de consciência, contar toda a verdade”.

E o sobrinho de Chico Xavier esclareceu mais: “Sempre encontrei muita facilidade em imitar estilos. Por isso os espíritas diziam que tudo quanto saía do meu lápis eram mensagens ditadas pelos espíritos desencarnados. Revoltava-me contra essas afirmativas, porque nada ouvia e sentia de estranho, quando escrevia. Os espíritas, entretanto, procuravam convencer-me de que era médium. Levado a meu tio, um dia, assegurou-me ele, depois de ler o que eu escrevera, que deveria ser seu substituto. Isso animou bastante os espíritas. Insistiam para que fosse médium”.

O jovem e improvisado médium Amauri continua na descrição de sua estranha aventura: “Passei a viver pressionado pelos adeptos da chamada terceira revelação. A situação torturava-me e, várias vezes, procurando fugir àquele inferno interior, entreguei-me a perigosas aventuras. Diversas vezes, saí de casa, fugindo à convivência de espíritas. Cansado, enfim, cedi, dando os primeiros passos no caminho da farsa constante. Teria 17 anos. Ainda assim, não me vi com forças para continuar o roteiro. Perseguido pelo remorso e atormentado pelo desespero, cometi desatinos (…) Não desmascaro meu tio como homem, mas como médium. Chico Xavier ficou famoso pelo seu livro Parnaso de além túmulo. Tenho uma obra idêntica e, para fazê-la, não recorri a nenhuma psicografia. [6]

Feita a confissão, Amauri passa a ser alvo do descrédito do seu próprio pai e do delegado de Sabará que o acusa de “desordeiro” e “beberrão”. Chico decide permanecer neutro, deixando para outros a tarefa de desacreditar o sobrinho se resguardando, ao mesmo tempo, de possíveis ônus da exposição do menino e transmitir a sociedade uma imagem de benevolência e capacidade de perdoar. Somente algum tempo depois, quando deixara Pedro Leopoldo e criara raízes em Uberaba, Chico decide falar sobre o caso seguindo a mesma linha defendida pelo pai de Amauri e o delegado de Sabará.

Sem o apoio da família, e ainda sofrendo as consequências do seu envolvimento com o espiritismo, Amauri se entrega de vez ao alcoolismo e acaba por ser internado em manicômio de São Paulo. Pelo menos essa é a versão oficial. Se verdadeira a informação, em qual dos sanatórios de SP Amauri foi internado? Procurada, a FEB não emitiu qualquer comunicado a respeito. Qual o motivo do sigilo? Como até o começo dos anos 70 não havia em SP clínica particular preparada para atender pacientes com deficiência mental, Amauri somente poderia ter sido internado em um hospital público, e, mesmo assim, como não havia o SUS as transferências eram difíceis e exigia a participação de terceiros – políticos ou entidades com alguma influência no governo – para se concretizar. Não seria esse o caso da FEB?

Há também uma informação desencontrada com relação à morte de Amauri. A história oficial dá conta de que Amauri teria morrido em decorrência do agravamento de sua saúde mental, enquanto se tratava em São Paulo. Mas de acordo com o boletim espírita “Síntese”, de Belo Horizonte, publicado à época, Amauri teria morrido vítima de um atropelamento. Tal versão levanta a suspeita se, de fato, Amauri sofria de problemas mentais e que em decorrência disso teria sido levado às pressas para um sanatório de SP. Como não há indicações claras do local e data de internação, a história oficial parece ter sido criada com o objetivo de abafar o caso desqualificando o relato de Amauri.

O encontro com Waldo Viera

Abalado pelo processo judicial movido pela família de Humberto de Campos e pela denúncia de Amauri Pena, Chico se muda para Uberaba onde algum tempo depois firmaria uma parceria com o médico e também médium Waldo Viera. Essa parceria possibilitou que Chico levasse sua mensagem para outros países, através de viagens realizadas a partir de maio de 1965 quando desembarca nos EUA para uma série de compromissos. Com a ajuda de Salim Salomão Haddad, presidente do centro Christian Spirit Center, e sua esposa Phillis, estudou o inglês e lançou o livro “Ideal Espírita”, com o nome de “The World of The Spirits”. [7]

Seis anos depois de se afastar de Chico Xavier [eles mantiveram uma parceria por quase dez anos, de 1955 a 1969] Waldo Viera abdica do espiritismo para se dedicar à pesquisa da experiência fora-do-corpo. Depois de Amauri Pena, que morrera em condições duvidosas, o testemunho de Viera é uma peça importante na compreensão do Chico Xavier histórico. Diretor do Centro de Altos Estudos da Conscienciologia (CEAEC) e autor da Enciclopédia da Conscienciologia, Waldo Viera revelou, em dois vídeos divulgados pela Internet, aspectos da vida e obra de Chico Xavier desconhecidos do público em geral, como o uso de frascos de perfume comprados por Chico em São Paulo e que eram usados em incorporações do espírito de Sheila.

Pontos fundamentais

Há uma diferença entre o Chico da história daquele apresentado pela mídia secular e pela FEB. Vejamos alguns casos.

Psicose

Há algum tempo se cogita o fato de Chico ter sofrido de psicose nos primeiros anos de sua infância e início da fase adulta. Psicose é um quadro psicopatológico reconhecido pela psiquiatria como um estado psíquico no qual se verifica certa perda de contato com a realidade, caracterizada por delírios e alucinações. A Superinteressante menciona um eletroencefalograma do médium adquirido pela revista Realidade nos anos 70 e que foi usado como ilustração da matéria de capa sobre Chico Xavier.

Nos anos 70, a revista Realidade publicou a cópia de um eletroencefalograma do cérebro de Chico Xavier. Sem saber o nome do paciente, um médico analisou o exame e concluiu: havia ali uma descarga elétrica anormal, capaz de provocar uma convulsão. “Poderia causar alheamento, sensação de ausência, automatismo psicomotor”, afirmava o médico Juvenal Guedes.

Tal explicaria as primeiras visões de Chico e o sentimento depressivo que o acompanhou durante toda a sua vida e o uso de LSD em certa ocasião. A psicose ou mesmo a esquizofrenia possui inúmeros fatores psicopatológicos, incluindo desde a questão genética (hereditária) até o convívio familiar e social em que o indivíduo é criado. A primeira visão que Chico teve de sua mãe teria ocorrido justamente em um período de falta de convívio familiar e dor decorrente das punições impostas pela madrinha. Ao retornar ao lar paterno e a convivência com os irmãos, as visões da mãe cessam. Somente no quarto ano do ensino primário, quando as características sexuais de Chico começam a ser percebidas pelos amigos de sala, Chico é novamente submetido ao isolamento social. Nesse contexto, Chico recorre ao além. Afirma ser guiado por um espírito de um homem que o auxilia em suas redações, aparecendo em meio às aulas.

Criptomnésia

Também se acredita que Chico sofria de criptomnésia. Essa possibilidade foi levantada pela revista Super Interessante, em edição especial sobre o médium. “Criptomnésia é um distúrbio de memória que faz com que as pessoas se esqueçam de que conhecem uma determinada informação. Os dados que Chico colocava nas cartas seriam apenas lembranças escondidas em seu próprio subconsciente”, afirma a revista.

Usada pela primeira vez pelo psiquiatra Théodore Flournoy ao analisar o caso da médium Hélène Smith (Catherine Élise-Müller), a criptomnésia é mais provável de ocorrer quando a capacidade de controlar as inúmeras fontes que um indivíduo tem acesso é prejudicada. Carl Jung, em O Homem e Seus Símbolos exemplifica:

Um autor pode estar escrevendo de forma constante a um plano preconcebido, elaborando um argumento ou desenvolvendo a linha de uma história, quando de repente ele sai pela tangente. Talvez uma nova ideia lhe ocorreu, ou uma imagem diferente, ou todo um novo sub-enredo. Se você perguntar a ele o que levou a digressão, ele não será capaz de lhe dizer. Ele não pode sequer ter notado a mudança, embora ele já produziu material que é inteiramente novo e, aparentemente, desconhecido para ele antes Mas às vezes pode ser demonstrado de forma convincente que o que ele escreveu tem uma impressionante semelhança com o trabalho de outro autor – um trabalho que ele acredita que nunca viu.

Em um estudo publicado em 1905, Jung associa a Criptomnésia ao trabalho de alguns autores, como Nietzsche (cujo livro “Assim Falou Zaratustra” seria uma imitação quase que palavra por palavra de outro livro publicado meio século antes. A irmã de Nietzsche confirmou que aos onze anos seu irmão teve acesso ao livro e que ele o lia constantemente) e Byron (cujos leitores viam uma forte semelhança entre seu livro “Manfred” com “Fausto” de Johann von Goethe).

Autodidata

O quarto ano do ensino primário marca o começo do intelectualismo de Chico Xavier. Apesar das acusações de plágio e o descrédito por parte de professores e alunos, ganha uma menção honrosa num concurso estadual de redação. Tal capacidade intelectual não se devia a influência do além, mas a sua busca insaciável por conhecimento. Começando por poesia, o menino de Pedro Leopoldo se lança à busca do conhecimento filosófico, histórico e linguístico. Em sua biblioteca, preservada até hoje em Uberaba, há mais de 500 livros e revistas, com obras em inglês, francês e até hebraico. Parte dessa biblioteca é descrita por David Nasser em sua matéria “Chico Xavier, um detetive do além”.

Numa estante, os livros de Chico. Versos de Guerra Junqueiro, Tolstoi e uma porção de autores mortos. Na sala do lado está a mesa onde ele recebe as mensagens (…) Vamos atravessando a sala e entramos num dos quartos. Na parede, prateleiras repletas de livros. Remédios à base de homeopatia, que Chico recomenda. Não sei porque os espíritos manifestam estranha aversão pela alopatia e suas drogas, receitando sempre combinações homeopáticas. Perto dos vidros, um armário cheio de livros. As obras de guerra contra a Santa Sé, assinadas por Guerra Junqueiro, ainda em vida. Os livros de Flammarion e de Alan Kardec, mas não os psicografados, misturados com volumes de propaganda anticlerical.

Na visita à Fazenda em que Chico trabalhava como datilógrafo, Nasser conhece um senhor do Rio de Janeiro que descreve Chico nos seguintes termos: “Gosto de falar com ele. É um rapaz de cultura. Discute vários assuntos, lê um pouco de inglês e de francês. Devora os livros com fúria. Trouxe-lhe, há dias, “O homem, esse desconhecido” e ele não gastou mais de quatro horas e meia para ler o volume gordo. É um prazer para ele. Seu único amor é o espiritismo”. [8]

Na matéria de 1971, Hamilton Ribeiro revela: “A sala, que serve de escritório, é o ambiente típico do intelectual desorganizado. Mesa, máquina de escrever, papéis em desordem, vidros de remédios, revistas estrangeiras, livros, jornais, uma infinidade de cartas, papeis com endereços, cartões, lápis. Numa estante arquivo, Chico guarda documentos e papéis que, um dia, sabe que vai precisar. Quando esse dia chega, ele procura – e não acha.” [9]

Frei Boaventura Kloppenburg, em sua obra Espiritismo, orientação para católicos, vai mais além. “No prefácio de sua primeira obra psicografada, Parnaso de Além-Túmulo, o próprio Chico se apresenta como um moço com “o mais pronunciado pendor para a literatura”, com “a melhor boa vontade para o estudo”, que em casa “estudou o que pôde”. O Jornal das moças de 1931 publicava sonetos seus. Um amigo de Belo Horizonte, que o conheceu naqueles anos, deu-me estas informações:

- Conheci o Francisco Xavier em 1933. Nessa época ele ainda trabalhava numa pequena casa de comércio, em Pedro Leopoldo. Na ocasião, em julho de 33, salvo engano, ele me deu para ler um álbum de poesias dele. Eram poemas, sonetos, quase todos melhores do que a imitação de Guerra Junqueiro que publicou no Parnaso de além túmulo. Foi por intermédio de Francisco Xavier que conheci Augusto dos Anjos. Ele declamava grande parte do Eu. Lera tanto Augusto dos Anjos que o sabia de cor. Ainda me lembro muito de ouvi-lo declamar com entusiasmo o ‘Árvore da serra’. Em 1933 ele estava encantado com Augusto dos Anjos. Já por essa época ele lia o espanhol e o francês: assim me disse várias vezes. Conhecia bem a literatura brasileira e lia muito.” [10]

Direitos autorais

Podemos tomar como verdadeira a informação de que Chico doava todos os recursos provenientes do seu trabalho de psicografia? Eurípedes dos Reis coloca essa informação em xeque quando, em fevereiro de 2001, apresenta queixa policial contra sua esposa por estelionato e traição conjugal. Na matéria “Casa de Guerra, filho adotivo e nora de Chico Xavier brigam por dinheiro”, publicada pela Veja, o jornalista José Edward traz detalhes surpreendentes do caso.

O casal vem administrando todos os negócios de Chico Xavier. Eurípedes tem procuração vitalícia do pai desde 1976 e Christine cuidava havia oito anos das doações e da renda obtida com a venda de suvenires com a imagem do médium. Ela movimentava cinco contas bancárias, incluindo a da empresa Shulz e Reis, criada para a venda dos livros psicografados por Chico Xavier. [11]

Para além do episódio, temos um dado importante de que os recursos não seguiam exatamente o caminho apontado por Chico Xavier. Marcel Souto Maior menciona outro caso ocorrido em 1964.

Em junho de 1964, Chico, com o aval de Emmanuel e com o apoio de Waldo Vieira, decidiu ceder à Comunhão Espírita Cristã os direitos de livros escritos por ele e seu parceiro. Pela primeira vez, ele seria beneficiado, embora indiretamente. O centro, cada vez maior, contraía dívidas e já não podia contar apenas com a ajuda esporádica e voluntária de amigos ricos e de gente grata a Chico Xavier. [12]

Emmanuel

A relação de Chico com Emmanuel se desenvolve a partir de seu contato com os escritos de Allan Kardec. Seria coincidência o fato de que no capítulo 11 do Evangelho Segundo o Espiritismo um espírito que se identifica como “Emmanuel” assina uma mensagem ditada em 1861, em Paris, intitulada “O Egoísmo”? Quando indagado se Emmanuel era o mesmo espírito que assinou esta mensagem, o médium Francisco Cândido Xavier afirmou:

Creio que sim. Conservo para mim a certeza de que ele, Emmanuel, terá participado da equipe que colaborou na estrutura da codificação da Doutrina Espírita. A mensagem intitulada ‘O Egoísmo’, (…) em que se faz referência a Pilatos, é de autoria do nosso benfeitor espiritual, não tenho dúvidas a este respeito.

Nada mais lógico e estratégico: associar sua imagem a um espírito que teria “participado” da codificação do espiritismo seria vital para o trabalho que ele pretendia desenvolver a nível nacional e internacional. Ainda mais quando sabemos que Chico se dizia a “reencarnação” de Allan Kardec. Assim somos impelidos a acreditar que a visão de 1931, que estabelece um suposto “contato” de Chico com Emmanuel, não possue fundamento histórico.

Há também que se considerar duas outras questões (1) Seria Emmanuel uma figura histórica verdadeira, que viveu na época de Jesus, ou, como supõem os especialistas em Cristianismo Primitivo, um mito ou ficção criado pelo Kardecismo para dar base aos seus argumentos? A segunda alternativa é a de maior peso porque não há registro histórico da existência de um senador romano chamado Emmanuel ou mesmo Publius Lentulus. A conclusão é de que se trata de um personagem fictício. Essa é a opinião do Dr. Edgar J. Goodspeed, em especial quando analisa uma carta atribuída a Publius Lentulus em que descreve Jesus; (2) Há um problema relacionado à integridade moral de Emmanuel. Mesmo aceitando que Emmanuel era um personagem real, que conduzia Chico em seu trabalho de psicografia, como entender certos conselhos dados pelo espírito ao médium? Um exemplo é o citado pela Folha.com em uma análise da obra “As Vidas de Chico Xavier”.

Segundo o livro “As Vidas de Chico Xavier” (Planeta, 2003), escrito pelo jornalista Marcel Souto Maior, o médium mineiro (1910-2002) decidiu experimentar ácido lisérgico e recebeu apoio de Emmanuel, seu guia espiritual. Essa particularidade de sua biografia não aparece no filme.

A escolha de provar a droga tinha um sentido: Chico se sentia extremamente pessimista e deprimido. Ele acreditava atrair espíritos inferiores que provocavam diversos males aos seus familiares e amigos. Sua companhia acarretava em sofrimento para os outros. [13]

Que tipo de espírito induziria alguém a se drogar? Essa é a pergunta que se faz com relação ao episódio relatado por Marcel Souto Maior em sua análise da vida de Chico Xavier. Ácido lisérgico é o composto para o alucinógeno conhecido como LSD, droga popular nas décadas de 50 e 60 e que foi desenvolvido em 1938 pelo químico suíço Dr. Albert Hofmann. Segundo um verbete da Wikipédia, Timothy Leary, ex-professor em Harvard, após descobrir a droga, tornou-se um incentivador do seu uso massivo para fins terapêuticos, espirituais e recreativos, sendo preso nos Estados Unidos em 1972 e solto em seguida. [14]

Zélia Gama

O ato de levar a mão esquerda ao rosto e com a direita proceder com a psicografia era uma prática de outra médium mineira que também se dizia portadora de dons mediúnicos. Zilda Gama (1869 – 1969) teve uma trajetória semelhante à de Chico, com perda dos pais aos 24 anos, erudição e psicografias.

Psicografia: plágio ou mediunidade?

Psicografia, segundo o Espiritismo, é a capacidade de um médium transmitir mensagens ditadas ou redigidas por espíritos. Ela tanto pode ser intuitiva (o médium recebe as mensagens por meio da ação de um espírito em sua intuição, sem a necessidade de que este deixe o seu corpo), semi-mecânica (o médium possue o controle de sua mão, escrevendo sob impulso de um espírito) e mecânica (caso considerado raro no espiritismo em que um médium perde por completo o controle sobre seu corpo, permitindo que um espírito utilize suas faculdades mentais e motoras para trazer determinado conhecimento espiritual).

A psicografia de Chico Xavier seria mecânica, no sentido de que os espíritos [e especialmente Emmanuel] atuavam diretamente sobre seu corpo. Sendo de autoria espiritual, o médium fica livre de qualquer pré-julgamento decorrente de erros produzidos por esses espíritos. O que não ocorre na intuitiva ou mesmo na semi-mecânica. Primeiro, poderíamos aceitar como verdadeira a hipótese espírita não fosse o fato de que Chico possuía condições necessárias para produzir textos poéticos ou mesmo de conteúdo histórico ou filósofo [e em outros idiomas, como francês, inglês e espanhol] além das psicografias de caráter pessoal – àquelas dirigidas a familiares que recorriam ao médium em busca de respostas. Segundo, como explicar o fato de que as cartas “psicografadas” por Chico possuem semelhança de vocabulário, estilo e uso excessivo de metáforas? Terceiro, se Emmanuel e os demais espíritos a que Chico tinha acesso eram “espiritualmente confiáveis”, por que erros grosseiros como a ideia de que o sol, marte e júpiter possuem vida e que Marte não possue satélite natural, senão vermos isso como interferência do médium na escrita?

Há outras questões que, analisadas do ponto de vista histórico, cientifico e literário, lançam mais dúvidas do que certeza nas psicografias de Chico Xavier. Elas representam a opinião e o conhecimento do autor [e não autores] que ao longo da vida recorreu às mais diversas fontes para produzir seus textos, como recortes de jornais e revistas de conteúdo poético que ele anexava a um caderno e da ajuda de auxiliares que recolhiam dados como nome, nascimento, cor, raça, doença, relacionamentos dos mortos a serem consultados. Em palestra no CEAEC, Waldo Viera reconheceu que “funcionários do centro espírita iam à fila pegar detalhes dos mortos”. Em outra ocasião, declarou:


A mesma coisa é aquelas mensagens que Chico recebia. Você sabe que essas mensagens psicografadas da pessoa que morreu, eles mandam uma carta com detalhes para a pessoa colocar na mensagem psicografada. Existem médiuns recebendo essas cartas até hoje. Quando eu deixei o movimento espírita, eles me mandaram essas cartas para mim para eu receber mensagens para a pessoa. Eu queimei as cartas só para não envolver ninguém. Então eles mandavam, ó, o apelido dele é esse, a tia que ele gosta é essa, a madrinha dele, a dindinha é fulana ele mora assim, assim. Só para haver uma relação. O avô que ele gostava muito morreu no ano tal… eles mandavam essas cartas com tudo mastigado para você colocar… tudo é carta marcada, um jogo de carta marcada (sic). [15]

O testemunho de Waldo vai de encontro a uma declaração da Associação Médico – Espírita de São Paulo que em pesquisa revelou que Chico fazia uma entrevista [de cerca de dez minutos] com famílias que participariam das sessões. Como exemplo temos o caso de um homem que na década de 70 morreu vítima de um atropelamento. O engenheiro Maurício Lopes, de 38 anos e irmão da vítima, disse a Super que “Chico perguntou a minha mãe detalhes da morte e nome de parentes. E tudo foi citado na carta depois”, conclui. Procurado pela redação, o filho adotivo de Xavier negou a denúncia.

Hamilton Ribeiro provou, já nos anos 70, que as psicografias de Chico não provinham de nenhuma outra fonte que não fosse sua própria imaginação e cita um dos seus métodos “Chico está com a mão sobre os olhos. Mal ouve o fim da leitura. Levanta-se, recebe um pacote de folhas de papel e se encaminha para a porta por onde entrou. Ali, numa salinha, ajudado por dois assistentes – o Sr. Weaker e sua mulher, dona Isildinha, vai receber orientação dos espíritos para psicografar receitas e conselhos.” Confinado à salinha, de lá libera as remessas de receitas psicografadas.

Onze horas da noite na Comunhão Espírita de Uberaba. Seu Weaker abre a porta da salinha onde está Chico e libará a segunda remessa de receitas psicografadas. Há o burburinho geral e todos se dirigem para o pátio, aguardando a chamada. Um dos primeiros nomes anunciados é um dos meus, aquele que encaminhei a pedido de uma amiga que sofre de alergia. Corro ansioso para ver que tipo de remédio os espíritos recomendam para coceira, e me, decepciono um pouco. Não é uma receita, são apenas conselhos – o que se chama de “orientação espiritual”. A mensagem lá está, na letra corrida e larga da psicografia: “Dentro de todos os recursos ao nosso alcance, buscaremos cooperar espiritualmente em seu favor. Confiemos na bênção de Jesus”. [16]

Ao chegar sua vez, Hamilton é surpreendido ao receber uma receita psicografada em nome de uma pessoa que não existia “O que pensar disso? Nem a pessoa com aquele nome, nem mesmo esse endereço existem. Eu os inventei”, declara. Oito anos depois seria a vez de Sônia Muszkat fazer seu relato “Eu estava prestes a enlouquecer quando a primeira carta chegou. Já havia pedido para ser internada”, diz a paulista Sônia Muszkat. Foi em 1979 que Sônia recebeu essa mensagem do filho Roberto, morto aos 19 anos com um choque anafilático após uma cirurgia de desvio de septo. “Na carta, Roberto descrevia sua morte e pedia que eu não me culpasse, afirma Sônia. Ela receberia outros 53 textos psicografados por Chico. Alguns vinham com frases em hebraico – Sônia e o marido são judeus. Roberto não falava o idioma, mas Chico dizia ao casal que ele estava aprendendo em uma colônia judaica no mundo espiritual”. [17]

Casos como o relatado por Hamilton e a do filho de Sônia que não falava hebraico provam que Chico Xavier era um farsante, que suas psicografias provinham de sua própria imaginação (consciente ou inconscientemente) e que milhares de pessoas estão enganadas ao segui-lo. O trabalho social praticado por ele e mantido por seus seguidores em nada justifica seus erros, embora sacie a fome de muitas famílias. Verdades à parte!

Notas

1.RIBEIRO, J. H, Chico Xavier, Realidade, 1971, versão em PDF

2.Chico Xavier, Wikipédia

3.Ibidem

4.MAIOR, M.S As Lições de Chico Xavier, São Paulo – SP. Planeta, pág. 43, 1º ed. 2006,

5.KLOPPENBURG, F.B. Espiritismo, orientação para católicos, 2002, 7º ed. Versão em PDF

6.NASSER, D. Chico Xavier, o detetive do além, O Cruzeiro, 1944

7.Chico Xavier, Wikipédia

8.RIBEIRO, J. H, Chico Xavier, Realidade, 1971

9.KLOPPENBURG, F.B. Espiritismo, orientação para católicos, 2002, 7º ed.Versão em PDF

10.EDWARD, J. Casa de Guerra, Veja, 2001

11.MAIOR, M.S As Lições de Chico Xavier, São Paulo – SP. Planeta, pág. 100, 1º ed. 2006,

12.Chico Xavier, Wikipédia

13.Chico Xavier experimentou alucinógeno auxiliado por espírito, dia livro, Folha.com, 2010

14.Timothy Leary, Wikipédia

15.VIERA, W. Tertúlia, Yotube

16.RIBEIRO, J. H, Chico Xavier, Realidade, 1971, versão em PDF

17.SAMANTTA, H e BLANCO, G. Chico Xavier, uma investigação, Super Interessante, versão disponível online

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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Confraternização do Ministério de Louvor IBNT







O ministério de louvor IBNT tem celebrado a Deus com muita alegria e vem servindo a Deus oferecendo sempre o melhor diante do altar do Senhor. No último final de semana, estivemos reunidos pra festejarmos e celebrarmos a unidade e amizade que o Senhor tem proporcionado ao nosso grupo, foi uma tarde muito especial onde aprendemos o valor da convivência e acima de tudo o valor da sobrevivência diante dos defeitos uns dos outros. 
Por esse ministério já se passaram muitos que deixaram suas marcas em nossas vidas e ainda me lembro com tristeza por não tê-los ao nosso lado nesse momento tão especial do nosso ministério.
Mas a vida segue e desejamos sempre conduzir uma igreja em adoração tendo em nossas vidas as marcas de Cristo e a alegria que o Espirito Santo proporciona para àqueles que vivem constantemente diante do altar.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

36 Argumentos para a Existência de Deus

   
William Lane Craig
 
Eu devo confessar que não tenho a paciência de ler livros como esse nem os acho divertidos. Como um filósofo, eu quero premissas e argumentos de suporte sem ter que peneirar o “trigo filosófico” do “joio” de uma narrativa popularesca de ficção. Felizmente, o livro traz consigo um apêndice de 36 argumentos com  nomeações claras e suas respectivas premissas e argumentos de apoio. Por isso, eu fui capaz de ir direto ao ponto e ver o que Rebecca Goldstein tem a dizer sobre o meu argumento favorito, o Argumento Cosmológico (número #1 na sua lista). E eu fiquei simplesmente horrorizado.
Veja, eu escrevi, recentemente, um artigo de nível popular sobre “The World’s Ten Worst Objections to the Kalam Cosmological Argument”" [As Dez Piores Objeções do Mundo ao Argumento Cosmológico Kalam] coletadas diretamente do Youtube e da Internet. Mas eu deveria ter lido o livro de Goldstein primeiro. Eu nunca vi em lugar algum, nem na Internet ou no YouTube, uma caricatura tão ridícula do argumento cosmológico quanto aquela feita por Goldstein. Ela fez os adolescentes da internet parecerem palestrantes da Gifford Lectures por comparação. [2]
Agora, Goldstein providenciou alguma base para seus argumentos amadores. No apêndice é alegado que eles são os 36 argumentos exibidos em seu best-seller e formulados pela protagonista da novela, a neo-ateísta Cass Seltzer. Goldstein poderia alegar, com alguma plausibilidade, que os argumentos no apêndice são uma represenção justa dos argumentos neo-ateus de hoje – “Então não me culpem por isso!” Mesmo assim, a sobrecapa do seu livro declara, “Em fundamentações puramente intelectuais, os céticos teriam tudo de seu lado. Mas as pessoas se recusam a aceitar os seus aparentemente irrefutáveis argumentos e continuam a aceitar a fé em Deus como sua fonte de sentido, propósito e conforto”. [3]
O quão risível tal postura é se torna evidente ao conferirmos os argumentos. Goldstein primeiro apresenta espantalhos e depois apresenta refutações ainda mais falhas dos mesmos. Por exemplo, aqui está a versão dela para o argumento cosmológico:
  1. Tudo que existe deve ter uma causa.
  2. O Universo deve ter uma causa (de 1).
  3. Nada pode ser a causa de si mesmo.
  4. O  Universo não pode ser a causa de si mesmo.  (de 3).
  5. Alguma coisa fora do universo deve ter causado o Universo (de 2 e 4).
  6. Deus é a única coisa fora do Universo.
  7. Deus causou o Universo. (de 5 e 6).
  8. Deus existe.
O engraçado é que Goldstein procede para apontar duas “falhas” nesse conjunto de afirmações simuladas como um Argumento Cosmológico. Ela sequer para para notar que ele não é nem só logicamente inválido, como também é um argumento circular, já que (8) segue de (6) sozinho, o que faria todas as premissas restantes não passarem de uma cortina de fumaça. Esse espantalho jamais foi defendido por nenhum filósofo na história do pensamento.
Então, qual é a falha que Goldstein descobre nesse argumento? Você já deve ter adivinhado, é claro: “Mas então quem causou Deus?”. O defensor do Argumento Cosmológico, segunda ela, deve ou dizer que Deus não tem causa, o que contradiria (1), ou que Deus é a sua própria causa, o que contradiz (3).
O problema com essa refutação é que nenhuma versão do Argumento Cosmológico encontrado nos trabalhos de seus maiores defensores afirma a premissa (1) de Goldstein. Ao invés disso, a premissa apresentada em seus argumentos será alguma coisa como:
1’. Tudo que começa a existir tem uma causa.
ou
1’’. Tudo que existe tem uma explicação de sua existência, seja na necessidade de sua própria natureza, seja em uma causa externa.
Versões do Argumento Cosmológico que apresentam (1’) afirmam que tudo que vem a existir deve ter uma causa (as coisas simplesmente não surgem do nada). Mas se alguma coisa existe desde a eternidade, então obviamente ele nunca passou a existir e não há necessidade de uma causa. Essa versão do Argumento Cosmológico deverá apresentar uma premissa afirmando que o Universo começa a existir, uma premissa sorrateiramente deixada de lado na formulação de Goldstein.
Outras versões do Argumento Cosmológico que apresentam (1’’), ao contrário, afirmam que tudo que existe, mesmo um Universo eterno, deve ter uma explicação de sua existência. Essa explicação pode ser de dois tipos: ou a coisa existe pela necessidade de sua própria natureza, o que lhe faria um ser metafisicamente necessário, ou, diversamente, deve ter uma causa externa, o que lhe faria um ser contingente. Essa versão do argumento terá então que apresentar uma premissa dizendo que o Universo não existe por necessidade e então deve ter uma causa externa em um ser que existe por necessidade de sua própria natureza e é a causa de todos seres contingentes.
Goldstein cria sua premissa (1) confundindo essas duas versões do Argumento Cosmológico. Ao combinar (1’) e (1’’) ela afirma uma premissa que nenhum proponente do argumento defende, que “Tudo que existe” – retirado de (1’’) – “tem uma causa” – retirado de (1’).
Curiosamente, Goldstein não acusa o Argumento Cosmológico de ter uma premissa falsa. Na verdade, o problema que ela encontra é “explicar porque Deus deve ser a única exceção”, ao invés do próprio Universo. Se ela tivesse reproduzido com boa-fé o Argumento Cosmológico e não essa caricatura, ela saberia a resposta para essa questão. Os defensores do primeiro argumento continuam e argumentam que o Universo começou a existir e então deve ter uma causa, enquanto os proponentes da segunda versão procedem para argumentar que o Universo não existe pela necessidade de sua própria natureza e, portanto, deve ser contingente. Essas são afirmações importantes e controversas; mas elas não serão discutidas se o argumento for tão deturpado ao ponto de essas premissas sumirem da formulação.
Já no argumento #4 “O Argumento do Big Bang”, Goldstein trata brevemente da evidência da cosmologia para o início do Universo. A “falha” que ela vê nesse argumento é: “Os próprios cosmologistas não concordam, de forma unânime, que o Big Bang é uma singularidade… O Big Bang pode representar uma surgimento lícito de um novo Universo de outro previamente existente". Essa é a falha? Desde quando um consenso universal é necessário para a evidência física confirmar uma hipótese? Além disso, a menção a uma singularidade é um red herring, uma vez que modelos com um passado finito, como o de Stephen Hawking e James Hartle, podem apresentar um início não-singular. Em 2003, Arvind Borde, Alan Guth, e Alexander Vilenkin provaram que qualquer Universo que está, em média, em uma expansão cósmica não pode ser eterno e precisa ter um início absoluto. O fato é que não há nenhum modelo fisico e matematicamente viável de um Universo que extrapole para um passado infinito. Se Goldstein pensa de outra maneira, vamos deixar ela nos apresentar esse modelo. No fim das contas, a física não lida com meras possibilidades. Possibilidades caem fácil. Nós queremos saber para qual lado a evidência aponta.
A segunda falha no Argumento Cosmológico de Goldstein surge a partir de que a nossa melhor definição de causa é “uma relação que existe entre eventos que estão conectados por leis físicas”. “Ao aplicar esse conceito ao próprio Universo é fazer um mau uso do conceito de causa, extendendo-o para um campo no qual não temos a menor idéia de como usá-lo”. Aqui, Goldstein está confusa. A questão relevante não é a definição de “causa”; para achar uma, basta olhar a palavra no dicionário. (E certamente a definição de Goldstein não serve: por exemplo, simultaneidade é “uma relação que existe entre eventos que estão conectados por leis físicas”; mas obviamente “ser simultâneo a” não significa ou implica em “ser causado por.”) Webster’s’ define “causa” como “uma pessoa ou agente que age, voluntaria ou involuntariamente, como um agente para trazer à tona o seu efeito ou resultado”. Nenhum problema aqui!
A questão importante é se nós podemos providenciar uma análise filosófica de uma relação causal em termos mais básicos ou se a própria idéia de causalidade é uma idéia fundamental. Por exemplo, alguns filósofos pensam em analisar uma relação causal da seguinte maneira:
Para qualquer entes x e y, x é a causa de y se e somente se
(i) Se x não existisse, y não iria existir e
(ii) Se y não existisse, x ainda iria existir;
Deixe que x seja Deus e y seja o Universo. Então, de acordo com essa análise, Deus preenche as condições para ser a causa do Universo, uma vez que se Deus não existisse, o Universo não iria existir; mas se o Universo não existisse, Deus ainda existiria. Então, contra Goldstein, a causalidade pode ser extendida além do Universo e nós temos uma idéia clara de como usá-la. Agora, eu não pretendo que essa análise de causalidade seja adequada para qualquer caso. Qual é a análise correta é uma matéria de grande controvérsia entre filósofos e muitos vão alegar que ela é um conceito puramente básico e irredutível. Mas perceba que a adequação de tais análises vai ser julgada por o quão bem elas convergem para nossas noções pré-filosóficas e intuitivas da relação causa-e-efeito. Você não precisa ter uma análise filósofica para reconhecer que tudo que começa a existir tem uma causa. Ainda há uma grande dose de coisas que podem ser ditas de uma maneira técnica (por exemplo, por que pensar, como ela alega, que a causação deve ser uma relação entre eventos e por que os eventos devem estar conectados por leis físicas?), mas vamos deixar isso de lado. Não é mais objecionável dizer que Deus é causa do Universo do que dizer que Tolstoi é a causa de Guerra e Paz.
Finalmente, Goldstein comenta que o Argumento Cosmológico é uma expressão do nosso espanto para a questão de “por que há alguma coisa ao invés do nada?” – para qual ela recomenda a réplica: “E se não houvesse nada? Você ainda estaria reclamando!”. Isso deveria ser engraçado, suponho, porque se existisse o nada, você não estaria aqui para reclamar. Mas não é exatamente esse o ponto? O nada não precisa nem pode ter uma explicação (não há alguma coisa para explicar ou ser explicada!); mas o fato que algo existe é um fato positivo que clama por uma explicação. Pensadores não-teístas reconhecem a profundidade dessa questão. O filósofo naturalista Derek Parfit, por exemplo, diz que, “Nenhuma questão é mais sublime do que porquê há um Universo: porque há algo antes do nada”.
É trágico que em uma época na qual verificamos uma renascença da filosofia cristã em um completo crescimento, o tipo de material encontrado no livro de Goldstein será aquele que está esperando para alimentar o público.
Notas:
1. Publicado originalmente em “36 Arguments for the Existence of God: Goldstein on the Cosmological Argument.” Christian Research Journal 34/01 (2010), pp. 52-53. Retirado do site Reasonable Faith.
2. Uma famosa palestra sobre filosofia da religião dada por pessoas famosas de alta distinção. Já participaram Alvin Plantinga, Richard Swinburne e Carl Sagan, entre outros.
3. Ou seja, mais uma aplicação do truque Ateus são fortes, Teístas São Fracos [Crença em Deus por necessidade]. Dessa vez, internacionalmente.

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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ENTREVISTA COM REGIS DE SOUZA




          Seguindo com nossas entrevistas a pessoas influentes no meio cristão , o entrevistado desta vez é Regis de Souza, dono do blog: http://www.regisdsouza.blogspot.com/ , trabalhou no projeto Desafio Radical ( projeto de formação de missionários), autor de alguns artigos com opiniões fortes acerca do que foi  proposto por Jesus e do cristianismo que é pregado e vivido na atualidade , são respostas contudentes ao nosso modo "evangélico" de ser.




1-               Você trabalhou no projeto Desafio radical, preparando jovens para o campo missionário, alguns alunos do projeto não se tornaram missionários em tempo integral, o que faltou para que os alunos do Desafio radical pudessem atender ao “chamado”?
Entendo que a resposta exata, é meio difícil, porque se trata da individualidade de cada um, porém; acho que alguns fatores negativos (planejamento, investimento, responsabilidade, seriedade para com o chamado) da coordenação geral pode ter contribuído para que dos 43 que se formaram, 15 não estejam inseridos naquilo que o evangelicalismo entende ser ministério integral. A maioria (97%) dos jovens do Desafio Radical chegava ao curso com toda a vontade de aprender e atender ao “chamado”, entretanto; no percurso eles iam descobrindo a falta de planejamento, investimento missionário para com o projeto Desafio Radical. Desde o início, a diretoria do Desafio Radical já havia pedido recursos básicos (acomodação decente, biblioteca, refeitório), mas sem muito sucesso. Para se ter uma ideia, em 2008 nem acomodação e refeitório existia para os alunos; sem falar que até hoje não existe biblioteca por lá, então; como esperar que jovens que ainda estão na formação missiológica, correspondam de forma integral o seu “chamado”, sendo que o primeiro contato com missões foi dessa forma? Mas a falta de planejamento ministerial responsável era o maior problema, devido não existir interesse na qualidade na formação daqueles jovens vocacionados, e sim a velha intenção nos resultados quantitativos, ou seja, quanto mais jovens vestindo a camisa de algum departamento, melhor para a promoção de alguém, mas somente quem vivia nos bastidores por lá, sabia que não existia projeto missionário (formação, edificação e aprimoramento do caráter) responsável. O projeto Desafio Radical só viajou algumas vezes para fazer evangelismo em outras regiões do estado, pela insistência da diretoria da época, porque se dependesse da parte responsável, os jovens continuariam apresentando teatro nas reuniões de pastores e nas igrejas da capital. Outra coisa, o local do curso nunca foi feito para receber gente para morar ali por um ano, devido às dependências serem básicas para a acomodação de pessoas pelo o final de semana (encontros), agora imagina pelo o ano inteiro? Todo ano dava para se ver algum aluno reclamando de dor nas costas, porque as acomodações (beliches, colchões e etc) dos quartos não correspondiam às necessidades dos alunos. Ainda bem que pela misericórdia do Bom Pastor (Jesus), muitos frutos saíram dali, como se viu na plantação de algumas igrejas. Infelizmente, mas uma vez por falta de planejamento e competência e compromisso exclusivo com missões, algumas dessas igrejas (Veredinha, Frutal) tiveram baixas. Por causa dessas irresponsabilidades, muitos alunos que ajudaram na plantação dessas igrejas, não permaneceram no mesmo caminho missionário da Convenção, devido ter se “desanimado” pelo o que viram. Então, no caso da “desistência” e desânimo de alguns jovens do Desafio Radical, não se deve só pelas fraquezas individuais e normais de alguns vocacionados, mas pela falta de seriedade, responsabilidade, respeito pelas pessoas e planejamento da área missionária.

2-               Nós somos filiados a CBN( Convenção Batista Nacional),você já foi missionário da convenção, como você vê o trabalho feito pela CBN –MG no desenvolvimento das igrejas do interior ?
Como não estive trabalhando diretamente no Departamento de Missões, não tenho como fazer uma avaliação do trabalho missionário no interior. Porém, mesmo que exista investimento (Jornadas Teológicas), acho que a criação de um seminário no porte do Sebemge no interior seria muito interessante para a edificação e qualificação dos obreiros e vocacionados. No demais, não tenho muito que falar sobre isso.



3-               Você escreveu um artigo sobre: “Onde é a habitação de Deus ?”, afirmando que muitos cristãos vivem como cristãos apenas na igreja por entenderem que Deus habita no local onde é realizado o culto. Qual a sua opinião sobre o culto realizado nas igrejas evangélicas?
Então, como fica transparecido nesse artigo, infelizmente muitos só vão às reuniões (culto) evangélicas com pretensão individual de receberem algum contato (perdão, bênçãos) com o Divino. Infelizmente muitos só estão na igreja por medo do inferno ou das maldições que os líderes dizem, porque sem isso, talvez alguns não estariam mais ligados a nenhuma comunidade cristã. Quase ninguém entende o que realmente significa a espiritualidade bíblica que chama-nos para um progressivo relacionamento com o Pai. Percebe-se que muitos possuem uma espiritualidade como a dos pagãos que iam ao lugar (templo/igreja) sagrado para agradar a divindade por meio de suas oferendas (músicas, danças, dinheiro e etc). Como nos rituais pagãos, alguns pastores de hoje fazem o papel patético do sacerdote que se torna o mediador entre os homens e Deus. E para os fiéis; esse mesmo pastor é o grande ungido entre eles e o que ele fala, pode ser benção para o obediente como maldição para o desobediente e etc. Quase ninguém vai para o lugar aonde se reúne os crentes com o intuito de valorizar a outra pessoa que é a própria habitação de Deus (1 Cor 3:16). Por falta de conhecimento, muitos se esquecem de que no evangelho de Jesus não existe nenhum lugar sagrado (Jo 4:20-23). Para Jesus, o altar da adoração a Deus não estava no templo, mas sim fora dele, ou melhor, no trabalho de reverter os efeitos (salvação) da queda sobre o ser humano.


4-               Conheço muitos homens de Deus que se doavam à igreja e se decepcionaram com o “sistema”, e você é um deles, por que isso aconteceu?
Graças a Deus nunca me vi como alguém que colocou alguma expectativa em sistemas humanos. A expectativa de alguém que foi convidada a caminhar com Deus nunca é no fraco sistema humano, mas sim na pessoa de Cristo. Outra coisa, fomos chamados para o mundo e não para a igreja. Certo dia, Jesus diante dos fariseus (a religião da época) fez questão de dizer que seu alvo não era os de dentro (religiosos), mas sim os de fora (Mt 9:10-13). Em uma outra ocasião, Ele disse que por sermos luz, devemos estar no mundo para que ele recebesse a iluminação (Mt 5: 14-16), por meio da prática das boas novas.

5-               Você não acha que afastando - se da igreja , deixa o caminho livre para maus pastores e lideres, sendo que: onde os bons não atuam, abre-se espaço para os mercadores da fé?
Acredito que quem foi consagrado ao ofício pastoral, precisa lutar dia após dia para não abandoná-lo. No entanto, acredito piamente no pastoreio do Bom Pastor (Jo 10) e sem Ele, nada do que foi feito até agora, “daria” certo. A redenção iniciada por Cristo no Calvário não depende do homem (igreja) para a sua conclusão. Tanto os crentes como os auxiliares (pastores) do Reino, estão sob o cuidado de Cristo. Dessa feita, não é o missionário que ajuda o Senhor no crescimento do Reino, mas é o próprio Deus quem ajuda e “investe” na vida do missionário. Mesmo que houvesse uma greve geral dos missionários no mundo, o plano de redenção de Deus continuaria salvando pessoas até o fim dos tempos sem nenhum problema, devido ser Ele quem faz toda a Obra (Jo 16:8). Graças ao Bom Pastor, quando Ele chamar as suas ovelhas, elas o ouvirão independente dos mercenários (Jo 10:14) estarem agindo ou não. Mediante isso, também não devemos esquecer-nos de que o campo é o mundo e não o ambiente entre quatro paredes de um templo qualquer.
6-               Temos visto que atualmente algumas igrejas evangélicas têm substituído a presença de Deus, trocando – o por bezerros de ouro, oferecendo adoração a cantores, pastores e símbolos, existe alguma diferença entre a fé dos católicos e evangélicos?
Sim e muita! Os católicos romanos tradicionais ou carismáticos são mais coerentes com a fé do que os evangélicos que constantemente são levados por vários ventos de doutrina.  A cada dia, muitas comunidades evangélicas são fundadas no Brasil, demonstrando a incoerência dos crentes com os princípios bíblicos (unidade, misericórdia, perdão, auxílio e etc). E quando olhamos para o outro lado do cristianismo (catolicismo romano), quase não vemos divisão. O evangélico virou um consumidor muito fiel e dessa feita, é um alvo fácil dos mercenários da fé e da mídia, por isso que atualmente se vê em foco mais os ministérios de alguém (ministério Pr. Fulano) do que o Evangelho de Cristo propriamente dito. Tanto nos outdoors, informativos ou marketing de alguma igreja, se vê nitidamente mais a propaganda do ministério de alguém (mercenário) do que do Evangelho da graça. O evangelicalismo está há tempos sofrendo pelo analfabetismo bíblico, onde quase ninguém entende o que realmente significa  as narrativas da Antiga Aliança, as verdades de Jesus, as doutrinas dos apóstolos e etc. Parece que para muitos líderes o melhor é deixar o povo sem saber, porque ensiná-los a pensar pode trazer complicações para as metas do próprio ministério.
7-               Você é calvinista, até onde o calvinismo não fere o livre arbítrio do homem, isentando o homem da responsabilidade de sua escolha pelo pecado?
Bom, não calvinista propriamente dito, mas creio no argumento bíblico que aborda pelas suas principais páginas sobre a soberania de Deus em contraposição com a limitação da humanidade caída. Para mim, Calvino é mais um homem que tentou sistematizar as verdades do Deus que predestinou a história, tanto é que o final da nossa história já foi escrito (Apocalipse) há mais de dois mil anos. Veja bem, se aceitamos que o final da história já foi não só conhecido por Deus, mas projetado (Apocalipse) como se observa tanto nos relatos do profeta Daniel como de João na Ilha de Patmos, como então concebermos a ideia de que o ser humano mediante seu suposto livre arbítrio poderá mudar alguma coisa?  Entretanto, reconheço que a teoria calvinista é somente mais uma tentativa do homem caído de compreender o que foi Revelado por Deus nas sagradas Escrituras. Nesse assunto, gosto de meditar na ideia de outro reformador (Lutero), que antes de Calvino, já falava algumas coisas sobre a soberania. Para Lutero, no seu antigo livro (Nascido escravo), a questão é simples: antes de sermos salvos por Cristo éramos livres ou escravos do domínio do pecado? Se refletirmos nisso, chegaremos à conclusão de que éramos escravos (Jo 8:34) e não livres. Bom, e depois de sermos salvos por Cristo (Jo 15:15), somos livres para vivermos sob a nossa vontade ou estamos sob o senhorio de Cristo e na condição de servos (escravos)? Da mesma forma, se pensarmos um pouco nos textos bíblicos, veremos que somos servos e estamos sob a vontade de Deus, como Cristo mesmo sendo o Unigênito, esteve: “venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;...” (Mt 6:10).
Dessa feita, não acredito que o homem escolhe o “pecado”, mas o pecado já o escolheu desde o seu nascimento (Rm 5:19; Sl 51:5), por isso que todos os humanos foram amaldiçoados com a mancha da natureza pecaminosa e como Paulo dizia: “... Não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus. Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só” (Rm 3:10-12). Mais a frente Paulo, continua: “Mas agora, sem lei, tem-se manifestado a justiça de Deus, que é atestada pela lei e pelos profetas; isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos os que crêem; pois não há distinção. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu sangue, para demonstração da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado de lado os delitos outrora cometidos; para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e também justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm 3:21-26). Mas mesmo que alguém ouse achar que mediante sua própria fé, concebeu o convite de salvação, o próprio Paulo vai dizer que essa fé é um dom (presente), ou seja, foi dado gratuitamente de forma imerecida: “...mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 6:23b); “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto [fé] não vem de vós; é dom [presente] de Deus; não de obras [vontade, ação humana], para que ninguém se glorie” (Ef 2:8-9). o interessante desse texto, é que para Paulo chegar nessa conclusão dos versículos 8 e 9, ele primeiro abordou sobre a realidade de defuntos que éramos antes de sermos salvos: Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados,...” (Ef 2:1). E mediante isso; fica a pergunta: como um defunto tem livre arbítrio?
Concordo que o assunto não é tão simples e muito difícil de abordar via e-mail, devido o mesmo merecer anos de debates baseados no temor e na oração, entretanto; acredito que o calvinismo é a teoria do homem caído que é mais coerente com os textos bíblicos.


8-               É possível ver Deus nas pessoas? Exemplo?
Sim! Veja, somos habitação de Deus ou não (1 Cor 3:16)? Agora; se se é possível ver as características do Reino de Deus nas pessoas, é outra coisa. Bom, se for essa a intenção, vamos lá! Acredito que o Reino milenar de Cristo já foi implantado. Não acredito num reino milenar vindouro, porque podemos cair no mesmo erro dos judeus judaizantes que até hoje esperam a vinda do Messias que “virá” para governar o mundo.  Para mim, o Reino milenar de Cristo já foi implantado no momento do seu sacrifício vicário. Veja: mediante o sacrifício de Cristo, os homens que anteriormente viviam sem paz, como inimigos uns dos outros, sob o caos e caminhando para a morte; atualmente sob a salvação pela graça, já obtém da paz de espírito, já conseguem perdoar seus inimigos, tem direção exclusiva do Consolador (Espírito Santo) para a vida e dessa feita; aprendem a cada dia a continuar caminhando na estrada da vida, porque a esperança (boas novas) é a mais nítida realidade. Mediante os dados missionários no mundo contemporâneo, já é fato que raças, tribos, ou melhor, pessoas de várias nacionalidades já se reúnem para adorar o Cordeiro que tirou a maldição do pecado que separava o homem da presença de Deus. Aqueles que são “mais” influenciados pelo o Reino milenar de Cristo implantado no mundo, já conseguem trocar armas de guerra (espadas) por instrumentos de auxílio mútuo (enxadas, arados) e etc, ou seja, “aprenderam” pelas características do Reino de Cristo a cuidar e amar o seu próximo como Cristo cuidou e amou: “[disse Jesus]: ‘Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros’ (Jo 13:34)”. Portanto, o Reino de Cristo não é geográfico, político e etc, mas espiritual e nas pessoas. E a busca e a prática da pessoa pelo o fruto do Espírito é uma das marcas dessa influência do Reino: “Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade. a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei” (Gl 5:13).

9-               Qual a sua opinião sobre pastores que se utilizam da TV pra pregar o evangelho?
Acho que eles poderiam usar os milhões que gastam para manter os seus programas de pregações no ar para tentar matar a fome, diminuir a pobreza, promover saúde para o bairro que a igreja está inserida, educação e etc. Enquanto eles gastam milhões por mês para usar horas diárias e semanais, as “Cracolândias” continuam crescendo de forma acelerada. Infelizmente eles interpretam mal a orientação de Cristo (Mt 28:19-20) que disse que deveríamos fazer discípulos e ensiná-los tudo o que Ele deixou ao mundo. Dessa feita, discipulado leva tempo e às vezes até a vida toda, como o próprio Cristo deixou o exemplo investindo 3 anos preciosos de sua vida no discipulado de algumas pessoas. Pregar a teoria evangélica do neo-pentecostalismo é fácil; difícil é caminhar na estrada paciente e repleta de misericórdia do discipulado cristão com o homossexual, o drogado,  a prostituta, o alcoólatra e etc. Infelizmente, o que vemos nas tevês não são propostas do Reino, mas shows da fé, onde algum guru espiritual ensina os fracos e desesperados a fórmula mágica e ilusória do milagre e do sucesso financeiro. Queria ver isso ser feito (campanha financeira, cura e prodígios) na plena seca nordestina, em alguns hospitais onde pessoas perecem sem atendimento, em alguns lugares onde a fome predomina sobre várias pessoas, só assim agente poderia testar a eficácia desses “homens de Deus”. Talvez muitos não saibam, mas o grande e humilde Homem de Deus (Jesus) fazia questão de socorrer todos sem interesse financeiro, porque seu prazer era ajudar o ser humano caído a ter esperança na vida novamente: “Disse-lhes Jesus: ‘A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e completar a sua obra’ (Jo 4:34)”.

10-            Temos notícias de crises nas convenções de algumas igrejas (Assembléia de Deus, Quadrangular, Presbiteriana, e até na Congregação Cristã), e muitas vezes essas crises revelam ausência de caráter, por que isso acontece?  
Crises no meio religioso sempre aconteceram. A história da igreja mostra-nos que desde a época apostólica (At 15), dos concílios católicos romanos, época da reforma protestante já existia essas supostas crises. E infelizmente essas crises aumentarão; alguns estudiosos dizem que o futuro do evangelicalismo brasileiro tende a ser como dos europeus, que tiveram tanto declínio religioso que o número das igrejas por lá dá para “contar nos dedos”. Como a falta de base teológica (bíblica) só cresce por aqui, a tendência é que muitos insatisfeitos com a fé aumentem. Fala-se muito em crescimento numérico (mais de 40 milhões) de evangélicos, mas “ninguém” observa o crescimento desenfreado dos insatisfeitos com a religião. Na Tevê vemos alguns sendo curados e infelizmente não prestamos atenção naqueles na multidão que não são curados, não ficam ricos e com essas pessoas, está a insatisfação, devido não terem sido “visitadas por Deus”.