quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Igrejas em extinção?





Em “A Igreja Autêntica”, John Stott escreve sobre os elementos essenciais da igreja cristã no meio da cultura contemporânea



Muitos prenunciam a “extinção” das clássicas formas de ser igreja. E o fazem porque entendem que as igrejas locais já não compreendem a cultura atual; viraram relíquia.

Se a Palavra de Deus é absoluta, o mesmo não podemos dizer sobre a cultura; esta muda sempre. Se algumas poucas igrejas estão preocupadas com isso, a maioria oscila entre o gueto e travestimento. Umas se isolam em regras religiosas, outras
mudam apenas por fora. E ainda há o tipo que se entrega precipitadamente à cultura, sem muitas diferenças.

A pergunta é: o que deve mudar e o que não deve mudar nas igrejas locais diante de uma cultura dinâmica, complexa e cheia de armadilhas?

John Stott foi um dos grandes defensores da unidade da igreja cristã, sem colocar em jogo os fundamentos da fé. Seus escritos fortaleceram (e fortalecem) a fé de muitos cristãos. Ele também estava preocupado com a identidade das comunidades cristãs em uma cultura pós-moderna.

A Igreja Autêntica foi escrito por Stott em 2007, mas só agora é publicado no Brasil. Ultimato e ABU Editora lançam, juntas, este livro com conteúdo equilibrado sobre a essência da igreja cristã em meio a um cultura efervescente e, ao mesmo tempo, com inúmeras encruzilhadas.

“O que precipitou essa avalanche de livros [sobre eclesiologia] é a sensação de que a igreja está cada vez mais fora de sintonia em relação à cultura contemporânea e que, a menos que se resolva em relação às mudanças, está fadada à extinção. É claro que ela não vai morrer, pois Jesus prometeu que nem os poderes da morte a vencerão. No entanto, estatísticas alarmantes nos alertam quanto à crise atual e a linguagem da mudança ‘sísmica’ reforça a situação”, dizia ele.

Se O Discípulo Radical – o último livro do autor - é um tipo de declaração das bases do discípulo de Jesus, A Igreja Autêntica, da mesma forma, mostra a essência “radical” das comunidades cristãs.

Sobre o autor

Conhecido no mundo inteiro como teólogo, escritor e evangelista, John Stott foi pastor da Igreja de All Souls, em Londres. Foi indicado pela revista Time como uma das cem personalidades mais influentes do mundo e escreveu mais de quarenta livros, entre os quais Por Que Sou Cristão, Cristianismo Básico, A Bíblia Toda, O Ano Todo, A Missão Cristã no Mundo Moderno e O Discípulo Radical, publicados pela Editora Ultimato.

Ficha técnica

Autor: John Stott Páginas: 176
Formato: 14x21
Código: 47.01
Preço: R$ 36,20


O livro em frases

O chamado da igreja é para desenvolver uma contracultura cristã.
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Não somos só um povo cristão, somos também povo da igreja. Não estamos só comprometidos com Cristo, estamos também comprometidos com o corpo de Cristo.
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O propósito divino não é de apenas salvar indivíduos isolados e com isso perpetuar nossa solidão, mas edificar sua Igreja, ou seja, convocar do mundo um povo para sua própria glória.
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Seguir Jesus, rejeitar o dualismo [divisão sagrado-secular promovida pelo modernismo] e desenvolver uma comunidade deveriam caracterizar toda igreja.
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Uma igreja viva é uma igreja que aprende.
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O Espírito de Deus leva o povo de Deus a honrar a palavra de Deus.
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A generosidade sempre foi uma característica do povo de Deus.
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O modo como o Espírito Santo lida com a instituição da igreja é mais o de uma reforma paciente do que o de rejeição impaciente.
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O cristianismo é uma religião alegre e cada culto deveria ser uma celebração.
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Nossa adoração é uma resposta à palavra de Deus.

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domingo, 8 de dezembro de 2013

Quarenta e quatro anos e quarenta e quatro preciosas lições de vida do amigo Hermes Fernandes (recomendo!)


Hermes C. Fernandes

Amanhã  (5/12) completo 44 anos (estamos atrasados por aqui, rs. Parabéns, mestre!). Não planejo festa, nem comemorações. Para mim, basta estar ao lado das pessoas a quem amo. Sua companhia é o meu presente.

Gostaria de aproveitar a data para fazer um balanço daquilo que tenho aprendido ao longo da minha trajetória. Obviamente, não será possível expor tudo. Apenas algumas lições que considero importantes. Ao todo, 44 lições que aprendi, algumas a duras penas:

1 - Aprendi que nem todos os meus desejos serão realizados. Pelo menos, não do jeito que imaginei. O que me consola é convencer-me de que talvez isso seja o melhor para mim. Posso estar sendo poupado de dores e frustrações desnecessárias.

2 - Aprendi que confiança é a coisa mais difícil de se conquistar e, ao mesmo tempo, a mais fácil de se perder. Só há uma coisa mais difícil do que conquistar a confiança de alguém: reconquistá-la.

3 - Aprendi que amar pode ser uma via de mão única. E, às vezes, quando há reciprocidade, a pista de ida costuma ser mais larga que a de vinda.

4 - Aprendi que as fantasias são como amortecedores que aliviam o impacto causado pela realidade. Algumas delas são abandonadas no final da infância, outras nos acompanham a vida inteira. Faria bem se de vez em quando buscássemos no fundo do baú e reabilitássemos algumas das que abandonamos.

5 - Aprendi que com princípios não se negocia. Quando transigimos demais, nossa ética se torna como o elástico da cueca depois de esticado: nunca mais volta a ajustar-se ao corpo.

6 - Aprendi que a verdade se diz olhando nos olhos. A mentira costuma ser estrábica.

7 - Aprendi que não se trai alguém sem que se traia a si mesmo.

8 - Aprendi que há uma linha tênue entre um elogio sincero e a bajulação interesseira.

9 - Aprendi que mais vale uma crítica sincera do que um elogio falso.

10 - Aprendi que o importa não é o destino, nem a viagem, mas a companhia.

11 - Aprendi que os piores inimigos são os não declarados.

12 - Aprendi que a inveja é o pecado mais difícil de se confessar.

13 - Aprendi que a motivação dos homens repousa sobre a tríade: posse, poder e prazer.

14 - Aprendi que quanto maior a expectativa que depositamos em alguém, maior a chance de sermos decepcionados. E quanto menor for a expectativa, mais chance teremos de sermos surpreendidos.

15 - Aprendi que dizer não é essencial. Mas quem não sabe dizer não a si mesmo, não saberá dizer não aos outros. Portanto, há que se treinar consigo mesmo.

16 - Aprendi que a verdade é sempre absoluta, mas a percepção que se tem dela é relativa.

17 - Aprendi que só vale a pena viver por algo pelo qual se dispõe a morrer.

18 - Aprendi que nada adoece mais a alma do que as comparações.

19 - Aprendi que há coisas tão fantásticas que nos acontecem, que parecem fazer com que a eternidade caiba num mísero minuto. Há esperas tão cruéis que fazem com que alguns minutos pareçam uma eternidade.

20 - Aprendi que qualquer doutrina que nos torne arrogantes, intolerantes, preconceituosos, raivosos, não pode ser o Evangelho.

21 - Aprendi que a vida é um veículo movido a quatro rodas. O amor e a fé são as dianteiras. A dúvida e a curiosidade são as traseiras.

22 - Aprendi a distinguir um oásis de uma miragem. Ambos são convidativos e se insinuam no horizonte... Mas um desaparece quando corremos em sua direção.

23- Aprendi que submissão não significa subserviência. Jamais se deve violar a consciência. Deve-se maior lealdade à Deus e à consciência do que a qualquer autoridade constituída.

24 - Aprendi que o amor se insinua em palavras, mas só se revela em atitudes.

25 - Aprendi que sempre haverá alguém acima de nós, e alguém abaixo. A razão disso? Há pessoas acima pra que nos mantenhamos humildes e não pra que as invejemos, e pessoas abaixo pra que sejamos gratos e não pra que as desprezemos.

26 - Aprendi que sacrifícios motivados por amor jamais exigem compensação.

27 - Aprendi que não posso dizer que amo ao meu semelhante, sendo conivente com estruturas que o oprimem e exploram.

28 - Aprendi que a eloquência com que anunciamos a boa nova do Reino deveria ser proporcional à veemência com que denunciamos as injustiças deste mundo.

29 - Aprendi que quem nos pede prova de amor, prova que não nos ama.

30 - Aprendi que o amor não arde em ciúmes porque abre mão da pretensão da posse.

31- Aprendi que a diferença entre amor e paixão é que a paixão tem como objetivo o bem do apaixonado, o amor objetiva o bem de quem se ama.

32 - Aprendi que só se contenta com o raso quem jamais experimentou as águas profundas.

33 - Aprendi que quem faz o bem pela recompensa proposta nada difere de quem evita o mal por medo da punição.

34 - Aprendi que a grande ironia da vida é que nossa felicidade depende do outro. Deus escolheu que fosse assim para que não fôssemos autossuficientes.

35 - Aprendi que nada é mais frustante do que constatar que há quem saiba fazer o outro feliz, porém não pode, enquanto há quem possa, porém na queira.

36 - Aprendi que a diferença entre ciúme e inveja é que o ciúme é negar-se a compartilhar o que é seu, enquanto a inveja é querer o que é do outro. Duas mãos de uma mesma estrada chamada egoísmo.

37 - Aprendi que nosso ciúme é proporcional ao reconhecimento de que alguém poderá proporcionar felicidade maior ao outro do que a que estamos dispostos a oferecer.

38 - Aprendi que o amor é como um farol que ilumina nosso caminho quando projetado para fora, mas pode nos cegar quando projetado para nós mesmos.

39 - Aprendi que se pagarmos o mal com o mal, o ciclo se retroalimentará, e por fim, o mal prevalecerá no mundo. Quando porém, no lugar do mal recebido, bendizemos, o ciclo é interrompido, e a paz finalmente é estabelecida.

40 - Aprendi que Deus deu a uns o que negou a outros para que não fôssemos autossuficientes, mas aprendêssemos a servir uns aos outros com o que temos recebido.

41 - Aprendi que pedido de perdão requer admissão de culpa. Enquanto não reconhecermos nossos erros, não haverá arrependimento sincero.

42 - Aprendi que a posse sempre é uma via de mão dupla. Somos possuídos por aquilo que julgamos possuir.

43 - Aprendi que é fácil amar quem está distante. Difícil mesmo é amar o próximo. A proximidade revela relevos antes ocultos pela distância.

44 - Aprendi que não pode ser graça o que cause a desgraça de outros.

Obrigado a todos pelo carinho. Peço a Deus que minha vida seja motivo de glória para Ele e de alegria para muitos. Não sei até onde vai esta estrada, mas espero continuar aprendendo, prometendo que tudo quanto aprender, repartirei com todos à minha volta. Vocês são a razão de tudo quanto tenho recebido graciosamente da vida. Vocês são o destino daquilo que se serve de mim como canal. Amo vocês.


 Hermes Fernandes é parceiro do Genizah desde o início.


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Porque uma linguagem de ódio racial e revolução não cabe na celebração da vida de Nelson Mandela



Braulia Ribeiro

Me espantei no twitter hoje ao ler algumas frases sobre a morte de Mandela. Fãs empolgados pegam carona na morte do grande líder para soltar fagulhas revolucionárias anti-tudo e viva direitos.

Infelizmente tenho que dizer aos empolgados e mal-informados caronistas que a vida de Mandela inspira tudo menos ódio revolucionário. Mandela passa para a história não por causa da primeira fase de sua vida, de luta violenta contra o violento regime do Apartheid. Não foram as lutas que teve, os tiros que deu, a resistência armada contra um regime que não hesitava em matar e torturar seus opositores que o transformaram no herói celebrado que morreu hoje.

Foi a luta que Mandela não fez que o celebrizou. Quando saiu da prisão aos 71 anos de idade, depois de 27 anos preso, Mandela diz pra si mesmo: _ “Sabia quando cruzei a porta da prisão em direção à liberdade, que se não deixasse pra trás o ódio, a amargura, o ressentimento, continuaria preso.”

Foi exatamente o perdão que o tornou extraordinário. Ele poderia ter dividido o país, poderia ter se vingado dos brancos protestantes motivando um genocídio como o que aconteceu no vizinho Zimbabwe. Poderia ter confiscado toda a riqueza dos brancos, e destruído a infra-estrutura do país. Teria sido “direito”. Teria sido justiça. Mas preferiu não fazê-lo. Poderia também ter aberto guerra contra os Zulu, rivais clássicos do Khosa, tribo de Mandela. Mas não o fez.

Na célebre cerimônia de posse em 1994 Mandela se postou ao lado dos generais brancos do Apartheid. Ouviu e cantou o hino dos brancos “Die com a mão respeitosamente no coração “Die Stem”, pra depois cantar o hino Khosa “Nkosi Sikelel’ iAfrika”. O hino em Afrikans fala do poder do Altíssimo que ajudou os ancestrais (holandeses) a construírem o país. Mandela poderia ter mandado o Altíssimo praquele lugar com sua teologia racista. Ao contrário, no livro “Longa Jornada para a Liberdade”, ele fala com gratidão da escolinha missionária protestante onde recebeu as primeiras letras.

Comparemos a África do Sul com o Zimbabwe. Apesar dos problemas que ainda tem, a África do Sul cresceu 83% em sua economia desde 1994. Os negros formam a classe econômica emergente. Ao invés de destruir o que havia, Mandela somou. A situação não é perfeita, a jornada ainda é longa até a igualdade de circunstâncias, mas as oportunidades são de todos.

Já o Zimbabwe, antiga Rodésia do Sul, elegeu Mugabe, seu primeiro presidente negro em 1980. Durante os primeiros anos de Mugabe mais de 20 mil pessoas foram mortas. No início dos anos 90, leis foram feitas para legitimar o saque das riquezas dos brancos e “redistribuí-las” aos pobres. Resultado? O país foi à ruína. De “cesta de pão” da África como era chamado o país, o Zimbabwe foi relegado à pobreza total. A produção agrícola, trabalho primariamente dos brancos, foi reduzida em 90%. A população branca se retirou do país ameaçada, e a população da região Matabeleland foi dizimada. Se não fosse Mandela a África do Sul teria se tornado em outro Zimbabwe, um poço de sangue e miséria sem perspectiva de democracia e harmonia política.

É bom lembrar também que o prêmio Nobel da Paz que Mandela ganhou em 1993 foi compartilhado com o presidente branco F. Willem de Klerk. Foi o trabalho dos dois que permitiu a transição do governo de minoria branca para as eleições majoritárias que fizeram de Mandela o presidente.

O nome carinhoso com que Mandela é chamado na sua terra natal, Madiba, quer dizer “conciliador”. Mais do que um mero revolucionário, o mundo perdeu hoje um homem de paz.

Fica aqui minha oração, para que o Senhor nos faça a nós que amamos a justiça de seu nome, administradores de paz e perdão. Que a nossa linguagem seja respeito, e que nosso olhar seja amor. A todos não importando se merecem ou não. Um mundo melhor se constrói conciliando-se diferenças e não agravando-as.



Braulia Ribeiro colabora com o Genizah


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