Entre o otimismo e o pessimismo
Ricardo Gondim

Imagino o mundo sentado na arquibancada de um enorme estádio. De um lado estão os otimistas e do outro, os pessimistas.
Os otimistas cantam, certos que vão ganhar o jogo. Para eles, não resta dúvida alguma. De alguma forma, seja com a ajuda de Deus, com erro do juiz, ou com o melhor desempenho dos jogadores, eles sairão dali dançando e festejando.
Os pessimistas também estão convictos. Certos, entretanto, que serão derrotados. Algo de ruim acontecerá. Eles vão se frustrar. Ouve-se menos algazarra. Eles murmuram, reclamam e xingam. Só desabafam porque têm certeza de que a partida já estava condenada mesmo antes do início.
Tanto os otimistas como os pessimistas são prisioneiros. Os otimistas algemaram-se à ilusão. A certeza de que tudo vai dar certo, de um jeito ou de outro, é um tipo de cadeia. A cela pode estar pintada de cor-de-rosa e as grades podem ser acolchoadas, mas não deixam de ser prisão. É um cárcere que tira toda a vontade de se envolver. Quem precisaria desgastar-se por um jogo destinado à vitória?
Os pessimistas também estão acorrentados. O jogo não passa de uma tragédia em gestação. A derrocada eminente os condena ao azedume. Assim atitude na arquibancada fica marcada por desdém. Quem só antevê o futuro como tenebroso nunca quer mover um dedo para alterar a realidade. Todo pessimista amarra bolas de chumbo aos pés e repete: “comamos e bebamos porque amanhã morreremos”.
Se o otimista é ingênuo, o pessimista é um estraga prazeres. A alternativa para as duas arquibancadas acontece nos jogadores. Eles entram em campo acreditando que a realidade supera tanto a fantasia como a tragédia. A esperança os anima a irem além da maldade universalizada. Ser realista significa crer que nenhum final foi predeterminado. No decorrer da partida, os jogadores sabem que um dos lados pode perder. Mas a partida pode encerrar empatada ou ser suspensa por algum problema técnico.
A longa estrada da vida pode curvar-se para o bem e para o mal. O caos não é inevitável. O ódio não precisa ganhar da gentileza. O inverno não chegou para ficar. O escuro não resistirá ao avanço da luz. O tempo histórico tem a propriedade de arrastar-se lento, ele é impotente, todavia, para paralisar os que se inspiram naquele que venceu a morte.
Todos corremos o risco, em algum ponto da vida, de querer sentar em um dos lados do estádio – do otimismo ou do pessimismo. O cansaço existencial produz pessimistas. Sucesso momentâneo e paixão por novas ideias e projetos geram otimistas.
Nenhum desses desfraldam a bandeira da utopia. Só os realistas, só os que calçam chuteiras, sabem que o mundo depende de entrarmos em campo. Só quando nos vemos como os protagonistas da história, o sol da justiça desvirginará a alvorada do amanhã. Os que suam a camisa podem ainda não saber como, mas só com eles existe alguma chance da paz estender-se como um lençol sobre a humanidade.
Soli Deo Gloria