domingo, 26 de outubro de 2014

O luto que ensina Um ano após o suicídio do filho, Kay Warren compartilha sua história de dor, mistério e esperança.


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O luto que ensina

O suicídio do jovem Matthew Warren, filho do célebre pastor, escritor e conferencista internacional Rick Warren, no dia 5 de abril do ano passado, chocou os evangélicos. O rapaz, de 27 anos, sofria de transtornos de personalidade e depressão e era o caçula dos três filhos do religioso, líder da Igreja de Saddleback, na Califórnia, e autor dos best-sellers Uma igreja com propósitos e Uma vida com propósitos. Desde então, tanto ele como sua mulher, Kay, têm tratado do assunto com discrição e compartilhado sua dor com amigos mais próximos – embora, de todo o mundo, tenham chovido mensagens de condolências, solidariedade e fé.
Pouco antes do aniversário de um ano da morte de Mattew, o Matt, como era chamado em família, postou a seguinte mensagem em sua página no Facebook: "Tenho me chocado com alguns comentários sugerindo que talvez esteja na hora de eu 'superar'... Deixe-me dizer uma coisa – o velho Rick e a velha Kay se foram. Nunca mais seremos os mesmos". Foi o desabafo de uma mãe enlutada que já não suporta mais dar sinais de fortaleza espiritual diante da tragédia que mudou sua vida para sempre. Em uma semana, mais de 10 mil comentários foram feitos, muitos deles compartilharam histórias sobre a perda de familiares queridos através de doença, acidentes ou suicídio. As condições em que Mattew – definido pelos pais como um filho "bondoso, gentil e compassivo" - morreu tornam ainda mais aguda a dor de Kay. Nesta conversa com Christianity Today, ela abre seu coração:
CHRISTIANITY TODAY – Como a senhora se sente, hoje?
KAY WARREN – Rick e eu temos sido beneficiários de uma extraordinária onda de amor e compaixão. Mas não me peçam para superar mais rápido do que posso. Sinto-me mudada para sempre, de muitas maneiras. Meu filho morreu jovem. O suicídio é um auto-assassinato. Nosso filho, o assassino, era ele mesmo. Ele tirou a própria vida de maneira muito violenta, mas fez isso para acabar com sua dor. Estamos traumatizados. Não se trata de uma tristeza normal; há culpa. Há arrependimento. Há horror. Meu filho nasceu do meu corpo, fazia parte de mim; essa parte de mim não está mais aqui. Como posso ser a mesma?
O que dizem, em sua maioria, os comentários que a senhora recebeu em seu Facebook?
Uma pessoa escreveu: "Eu tenho vontade de escrever no meu pescoço: 'Por favor, leiam o que Kay Warren escreveu'. Quero homenagear as pessoas que me contaram suas histórias. Eu me identifico com elas; sofro com elas, choro com elas. Essas pessoas se sentem envergonhadas – e culpadas, porque suas perdas as afundaram tanto na vergonha que as mantêm nesse lugar de luto. Rick e eu temos sido os beneficiários de uma extraordinária onda de amor e compaixão.
A igreja sabe lidar com pessoas como seu filho?
A doença mental é como um imenso lago no qual apenas conseguimos atirar pedrinhas. Grande parte das pessoas procuram primeiro o padre, o pastor ou o rabino antes mesmo de buscar ajuda profissional, e a maioria deles não está bem equipada. Pastores estão lidando com pessoas com problemas de saúde mental todos os dias, sem capacitação para isso. Os seguidores de Cristo devem estar presentes nesse drama, e nós não temos estado. Mas a igreja tem um papel a desempenhar.
Muitas pessoas se questionam acerca do destino eterno dos suicidas. O que a senhora pensa disso?
Quando Matthew não conseguiu encarar mais um dia aqui e tirou sua vida, ele caiu nos braços de Jesus. Eu imagino Matt dizendo essas palavras no momento em que seu espírito deixou o seu corpo: "Jesus, eu venho à tua liberdade, gozo e luz". Seu encontro com Jesus é com o Salvador, que recebe e abraça. Encontrei o seu consolo e a verdade de que ele nos selou. Matt tinha a fé em Jesus Cristo – a mesma com que ele, quando criança, havia sido selado. Nada poderia mudar isso. Nada poderia tirar a sua salvação.
A senhora se questiona por que Deus não curou Matthew ou, ao menos, impediu o suicídio?
Essa é uma pergunta difícil. Prefiro me conectar a Deus. Ele é soberano, poderia ter curado meu filho – ou impedi-lo de tirar a própria vida. Tive um encontro com cada pessoa da Trindade neste último ano. Na verdade, precisamos de Deus para viver cada dia.
Por que os cristãos têm tanta dificuldade em expressar livremente sua tristeza?
Eu cresci em um lar evangélico. Meu pai era pastor e não expressava emoções negativas: era tudo alegria, alegria. Nós não falávamos sobre isso. Meu irmão era viciado em heroína e eles não contavam a ninguém de nossa igreja o que estávamos passando. Durante minha infância, eu não conhecia ninguém que falava de seus sentimentos – tanto, que eu fui molestada e não lidei com isso. Quando Rick e eu nos casamos, eu disse a ele, sem nenhuma emoção, que aquilo não me afetava mais, tinha ficado no passado. Dias depois de casados, nossa lua-de-mel foi um fiasco e estávamos arrasados; começamos, então, a fazer terapia de casal e comecei a perceber que estava vivendo com um modelo errado. Nós somos pecadores. Nós temos defeitos. Há dias em que eu sequer tenho certeza da existência de Deus... Às vezes, eu sinto como se isso tudo fosse uma grande piada cósmica.
O que a senhora gosta de fazer para lembrar de seu filho?
Gosto de estar com as pessoas que amo. E ir ao cemitério. O cemitério me conforta: ele me ajuda a aceitar a realidade, porque uma parte de mim ainda espera que Matt entre pela porta de casa. O cemitério funciona como um choque de realidade para mim. Eu me reconecto com Deus naquele lugar de esperança. Lembro-me, então, de que aquilo não é o fim da história; há mais.
Como tudo isso interferiu em sua vida espiritual?
No último ano e meio da vida de Matt, nós vivemos no limite a cada dia. Era como estar sentado à beira do inferno. Mas eu determinei, algum tempo atrás, que não deixaria nada me destruir. Sei que o Senhor trabalhou na vida de Matt e está trabalhando na minha vida todos os dias, até eu encontrá-lo novamente.
Tradução: Julia Ramalho

O EFEITO CINDERELLA (na Igreja)





por Carlos Moreira


Não há consenso sobre a origem do Conto de Fadas mais arrebatador da humanidade: “Ciderella”. A versão mais popular dá conta de que ele é produto do famoso escritor francês Charles Perrault e teria sido escrito em 1697.

Decerto, Cinderella é uma história maravilhosa. De suas muitas nuances, uma me chamou particularmente a atenção nestes dias: a magia que transforma, momentaneamente, a garota rejeitada e descuidada em uma princesa estonteante.

Mas tudo na vida tem um custo... Aquele encantamento, que abria possibilidades e entretecia sonhos, tragicamente, tinha prazo de validade – dia, hora e lugar para acabar. E foi assim que, no bom da festa, Cinderella teve de correr para não se transfigurar na frente de todos e do príncipe, numa “gata borralheira”.

Como pregador e pensador deste tempo, percebo um fenômeno que vem acontecendo entre aqueles que dizem seguir a Jesus e ao Evangelho: o “Efeito Cinderella”. Trata-se de um tipo de prática religiosa que acaba por tornar o sujeito um refém da agenda do sagrado.

O Efeito Cinderella é a crença confinada ao ambiente, a espiritualidade de ocasião que consagra o personagem, a religião com hora marcada. Neste tipo de profissão de fé, o indivíduo pensa e age como crente apenas quando está conectado ao calendário da igreja, num culto, num movimento ou numa vigília de oração. Nestas circunstâncias, muda o olhar, a fala, os gestos, os atos, as convicções. Passa a seguir ritos, acredita em mitos, fala sério, torna-se ético no proceder e ascético quanto ao pecado.

Contudo, findo o “efeito mágico”, alterado o ambiente e as ambiências, a pessoa fica livre para viver conforme sua própria conveniência, entregue a tórridas concupiscências, dessensibilizado de consciência, amargurado de alma e petrificado de coração. No fundo, é como se a fé estivesse condicionada ao acionamento de um botão on/off , que liga e desliga conforme a ocasião e as circunstâncias.

Com tristeza, encontro maridos exemplares no Templo, mas que são adúlteros contumazes no escritório. Vejo gente sincera trabalhando em movimentos, mas mentindo descaradamente na sala de aula, pudica na EBD e depravada na mesa do bar. Para nossa vergonha, é a consagração do estelionato espiritual, a bipolaridade existencial, a dialética religiosa sem síntese, nem tem propósitos, nem se desdobra de forma consequente.

Bem dizia a canção consagrada na voz imortal da Elis Regina: “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”. Sim, “nossos pais” adoravam no Templo, por isso tornamo-nos devotos de espaços pseudo-sacralizados, de geografias espirituais, batemos no peito diante do altar, mas ignoramos o necessitado agonizante em nosso caminho, somos sacerdotes que ofertam o ideal no altar da conveniência.

Mas não esqueçamos que no grande banquete que nos aguarda, onde estaremos diante do Rei, não adiantará encantamentos. Naquele dia, não haverá como esconder a fratura exposta de nossa consciência, atrofiada por práticas refratárias ao amor. Ali, ou você se revestirá de vestes de louvor ou trajará trapos de imundice.

Ainda é tempo de lembrar que Jesus nos desafiou a encarnar um tipo de espiritualidade que se projeta de ambientes para as dinâmicas do cotidiano. “Nem neste Templo e nem no Monte”, disse a Samaritana, mas andando em Espírito e em Verdade! Deus continua buscando gente que não se satisfaça com rotinas religiosas e que não se torne prisioneiro de catedrais. Sim, para estes, Ele ainda continua a dizer: “Vem e Segue-me!”.

domingo, 12 de outubro de 2014

Ativistas seminuas usam cruz e coroa de espinhos para pedir legalização do aborto em frente a templo


Ativistas seminuas usam cruz e coroa de espinhos para pedir legalização do aborto em frente a templo
Um grupo de ativistas gays usou símbolos religiosos do cristianismo durante um protesto chamado “beijaço” em frente a um templo católico no Rio de Janeiro, e causou grande indignação nas redes sociais.
O protesto dos militantes LGBT era contra a forma que a fé cristã se posiciona sobre a homossexualidade e contra o candidato à presidente Levy Fidelix (PRTB), que afirmou em rede nacional durante o debate promovido pela TV Record que “dois iguais não fazem filhos”.
As ativistas Sara Winter e Bia Spring estavam seminuas, coladas a uma cruz de papelão e com uma coroa de espinhos sobre a cabeça, e se beijaram em frente à Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro. No alto da cruz, uma placa com a sigla “LGBT” ocupava o lugar da inscrição I.N.R.I. (acrônimo de Iesus Nasarenus Rex Iudaeorum, do latim, “Jesus Nazareno Rei dos Judeus”).
“Há uma grande quantidade de candidatos e políticos eleitos que estão diretamente envolvidos com instituições religiosas, sobretudo cristãs, que tanto atrasam o desenvolvimento de nossa política, principalmente com relação aos direitos reprodutivos da mulher e também às políticas públicas voltadas para o público LGBT”, disseram as ativistas ao jornal O Dia.
O uso de símbolos cristãos em passeatas e manifestações de ativistas gays não é novidade. Outros militantes homossexuais já se valeram do mesmo expediente durante a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro em 2013, e na presença de diversos fiéis católicos, quebrou símbolos de fé da denominação.
Anos atrás, o pastor Silas Malafaia usou seu programa de TV para denunciar o uso de referências aos santos católicos durante a Parada Gay em São Paulo.
“Isto é discriminação religiosa! A cruz é o símbolo do cristianismo! Cadê o Ministério Público que não vê este absurdo? Por que eles podem tudo? Mas se fossemos nós só pelo fato de não concordarmos com a prática homoafetiva seríamos taxados como homofóbicos. Dois pesos, duas medidas. Respeito a diferença”, disparou a internauta Teresinha Neves em sua página no Facebook
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