quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Dizer "não" é fundamental para a educação financeira dos filhos


Para muitas famílias, levar crianças às compras é um verdadeiro transtorno. Elas pedem tudo e não aceitam um "não" como resposta: choram, batem pé, fazem escândalo. Envergonhados, muitos pais acabam cedendo aos apelos dos pequenos. E, de pedido em pedido, lá se vai o planejamento financeiro da família.

Dizer não pode ser difícil, mas é necessário. E não apenas por causa do orçamento doméstico mas, sobretudo, para a construção da personalidade e saúde psicológica das crianças. “Impor limites é importante para estruturar a personalidade da criança, tanto emocional, quanto cognitiva e socialmente. Crianças bem educadas, com delimitação de limites e obrigações, tendem a ser mais respeitosas, simpáticas e empáticas”, afirma Marcelo Quirino, psicólogo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A psicóloga Cynthia Wood, especialista em psicopedagogia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, acrescenta que é responsabilidade dos pais ensinar a criança a lidar com as frustrações. Segundo a profissional, se os pais não ensinarem essa habilidade, ninguém ensinará e, no futuro, a criança se tornará um adulto que não sabe trabalhar em equipe, respeitar chefes ou, mesmo, lidar com os problemas do cotidiano e, naturalmente, com as próprias finanças.

Os especialistas aconselham que a palavra “não” esteja presente no diálogo entre pais e filhos desde os primeiros anos. Quanto mais cedo, mais fácil e tranquilo será o aprendizado dos limites. Veja, a seguir, a forma mais adequada de falar “não” às crianças de diferentes faixas etárias:

Até 2 anos – nessa primeira fase, o bebê ainda está incorporando os conceitos relacionados a cada palavra. A palavra “não” é dita sobretudo em situações em que o bebê pode se expor a risco e tem que ser repetida inúmeras vezes. Sempre com tranquilidade e paciência, mas firmeza.

Dos 3 aos 5 anos – a criança entende bem o significado da palavra “não”, mas retém informações por curto período de tempo e, além disso, tentará de tudo para fazer valer sua vontade. Essa é a fase da teimosia. Portanto, as repetições continuam necessárias. Em resposta a pedidos, os pais podem começar a dizer que determinados presentes são dados somente em datas especiais, como aniversário ou Natal. Para ajudar a criança a entender a noção de tempo, os pais podem mostrar no calendário as datas de quando ela poderá ganhar o presente.

Dos 5 anos aos 10 anos – a criança já tem uma noção de tempo e pode compreender perfeitamente a explicação de que os pais não ganham o suficiente para determinada compra. Mas poderá testar a paciência deles. Os pais devem manter a palavra e não se alterar diante da insistência dos pequenos.

Pré-adolescentes (entre 10 e 14 anos) -  os pais já podem explicar que pagam colégio, médico, supermercado e já podem mostrar o quanto sobra para investir em projetos e desejos pessoais. Nessa idade, a palavra “não” a pedidos de compras pode ser justificada pela própria planilha de orçamento familiar.
Fonte: Postallis

domingo, 18 de outubro de 2015

Eucalipto,nos fez bem ou mal? Saiba um pouco mais sobre o impacto da monocultura do eucalipto na nossa região.

Com uma crise hídrica batendo na porta do país  , todos se perguntam como o vale do Jequitinhonha que sempre sofreu pela falta de chuvas pode sobreviver.
As noticias são desanimadoras , rios como Araçuaí , Fanado, Jequitinhonha e outros estão secando;riachos já secaram ,nascentes pararam de jorrar e poços artesianos que antes se apresentavam como paliativo para tempos de seca, estão vazios.
Não nos resta tempo pra lamentar , a urgência de ontem é que a propostas para salvar o vale de um processo de desertificação anunciado sejam apresentadas o mais breve possível. 
Não são raros os relatos sobre a biodiversidade de nossas matas ,dos animais que traziam vida pro nosso cerrado,  de uma economia de subsistência que era vivida pelo homem do campo em tempos nem tão distantes.Tudo isso foi substituído pelo “deserto verde”, que com a mecanização nem 10 % dos empregos de antes, podem ser oferecidos  à nossa gente.
É  altamente questionável os benefícios da monocultura de eucalipto no nosso vale , que em alguns anos desde a chegada da Acesita e Suzano  ao vale , trouxe crescimento econômico , vagas de emprego  e de alguma forma diminuiu o processo migratório da nossa gente para os grandes centros.
Terras que pertenciam a pequenos produtores foram adquiridas por valores irrisórios  e repassadas para a Acesita que implantou na nossa região uma das maiores plantações de eucalipto do país.Não bastasse as grandes empresas , temos visto hoje que o pequeno produtor tem abandonado o cultivo de alimentos como (milho,feijão,arroz,etc), substituindo pelo plantio do eucalipto.
O que é mais triste nesse cenário é o desconhecimento do impacto ambiental que pode gerar o "deserto verde".Margens de grandes rios são devastadas, nascentes desprotegidas e um povo é afetado pela ganância de quem não pensa no amanhã , se mostrando inconsequente em relação ao meio ambiente.
Baseado em alguns estudos , sei que a monocultura do eucalipto pode afetar de diversas formas uma região .Em estudo que se tornou marco sobre o tema, o cientista AUGUSTO RUSCHI, assegura-nos que  o consumo assombroso de água derivado da monocultura do eucalipto é responsável pela deficiência hídrica verificada no já devastado norte do Espírito Santo, ao ponderar que:

“Como já explanei em outras palestras, a fisiologia de algumas espécies, como o Eucalyptus Saligna, o mais plantado no Espírito Santo, exige um consumo monumental de água (...) a partir do terceiro ano de vida uma planta desta espécie consome por ano 19,6 milhões de litros de água, e um hectare com 2.200 árvores consome 49,6 bilhões de litros de água, dando esse total uma equivalência pluviométrica de 4.000 mm de chuva por ano. Se considerarmos que na região dos eucaliptos a precipitação anual chega em média a 1.400 mm/ano de chuva, a diferença necessária de mais de 2.000mm é retirada do solo e subsolo, tanto pela função osmótica como pela função de sucção das raízes”.

O verde que recobre a agroindústria, como vemos, é enganador.  As vastas plantações de eucalipto não são florestas, não se prestam a restaurar as infindáveis áreas de matas nativas suprimidas por esse insano modelo econômico e não geram nem a décima parte da oferta de empregos bradada por seus empreendedores.
Gostaria de pontuar alguns dos impactos que o "deserto verde" pode causar:
- Desertificação do clima e de solo: as grandes florestas como as de eucalipto necessitam de uma enorme quantidade de água, para se ter uma idéia,  cada pé de eucalipto necessita, para crescer satisfatoriamente, levando-se em conta o rendimento econômico, de aproximadamente 30 litros de água por dia, o que acaba gerando um grande déficit hídrico nas regiões onde são cultivados, gerando assim certa desertificação da região. Esse é um grave problema, já que muitas plantações são realizadas às beiras de córregos e nascentes de rios, o que acaba por ressecar o solo.


- Ressecamento do solo e uma maior exposição à erosão: como o eucalipto está sendo plantado visando-se unicamente uma maior viabilidade econômica possível, depois de alguns anos a plantação é cortada, deixando o solo empobrecido e exposto a erosão, causando enormes impactos ambientais na região onde estava sendo cultivada a floresta. Outro problema é que, para se tentar recuperar áreas tão degradadas como essas, são gastas enormes quantias de dinheiro por parte das autoridades competentes;
- Diminuição da biodiversidade: como acima citado, as florestas de eucalipto são cultivadas priorizando somente um retorno econômico. Assim sendo, não são cultivadas juntamente outras espécies de vegetais, o que diminui a diversidade vegetal da região de floresta, já que a mesma também impede que gramíneas e pequenos arbustos cresçam e se desenvolvam, embora quando estejam pequenas, as árvores do eucalipto, não forneçam um bloqueio radiação solar como quando estão grandes. Outro problema é a falta da diversidade da fauna, já que os únicos animais que conseguem sobreviver nesses tipos de florestas são “formigas e caturritas (aves predadoras de lavouras que usam as árvores de eucalipto como abrigo, mas não se alimentam delas)”.

Uma das empresas que atuam no ramo é  a Aracruz  , ela se defende contra as denúncias de que o eucalipto seca a água do solo e degrada o mesmo retirando os seus nutrientes com os seguintes argumentos:
- As raízes do eucalipto, assim como as de outras espécies arbóreas cultivadas, como laranja e manga, ficam muito longe do lençol freático. (...) Assim, a água disponível para o eucalipto crescer vem da camada superficial do solo. As florestas plantadas de eucalipto consomem a mesma quantidade de água que as nativas, mas são mais eficientes na conversão de água em madeira, pois crescem mais depressa. O eucalipto consome em média 0,43 m³ de água para produzir 1 kg de madeira. A floresta nativa, 1,3 m³. Além disso, mais água da chuva chega ao solo das florestas plantadas, porque, nas nativas, boa parte da água fica nas copas das árvores. (site: Aracruzresponde).

- O regime hídrico da região
De acordo com os artigos analisados, apenas em regiões de pouca chuva,
abaixo de uma faixa de 400 mm/ano, o eucalipto poderia acarretar ressecamento do solo. Ou seja, os impactos sobre lençóis freáticos, pequenos
cursos d´água e bacias hidrográficas dependem da região em que se insere a plantação (e também da distância entre as plantações e a bacia hidrográ-fica e da profundidade do lençol freático).
 - As considerações a seguir têm por objetivo responder duas questões: em primeiro lugar, o eucalipto consome mais água para seu crescimento do que outras formas de cultivo?; em segundo lugar, as florestas de eucalipto podem influenciar aspectos hidrológicos e/ou climáticos (volume de precipitação,água contida no solo, lençóis freáticos, nascentes) do ambiente em que se inserem?
Poore & Fries (1985) afirmam que, quanto mais rápido o crescimento de uma árvore, maior seu consumo de água.
Esse consumo de água, entretanto, não significa que o eucalipto, necessariamente, seca o solo da região onde se insere ou, tampouco, impacta, negativamente, os lençóis freáticos. Isso porque o ressecamento do solo em florestas de eucalipto depende não somente do consumo de água pelas plantas, mas também da precipitação pluviométrica da região de cultivo.Davidson (1993), entre outros estudos, aponta que, somente em áreas de precipitação pluviométrica inferior a 400 mm/ano, o eucalipto pode acarretar ressecamento do solo – ao utilizar as reservas de água nele contidas(podendo, nesse caso, prejudicar também o crescimento de outras espécies – fruto da denominada “alelopatia”13). Em regiões de maior volume pluviométrico, portanto, as plantações de eucalipto, por receberem mais água do que aquilo que consomem, não levariam ao ressecamento do solo.
Tentando estudar os dois lados, não tenho dúvidas do impacto  da monocultura em nosso vale. O que sei é que as grande empresas do ramo que ainda atuam na região oferecem poucos empregos e com a falta de água  na região, o resultado dessa equação crescimento econômico x degradação ambiental cairá na conta da nova geração que corre sério risco de não mais ter o que beber , comer e fazer. 

Fontes:
 WAGNER GIRON DE LA TORRE, é Defensor Público no Estado de São Paulo e Coordenador da Defensoria Regional de Taubaté. http://www.ecolnews.com.br/eucalipto_monocultura_e_insustentabilidade_ambiental.htm