Encontrei esta preciosidade garimpada do caderninho da minha tia Marline. Ela, talvez com seus 16 a 18 anos, dedicou um caderno às mensagens de outras pessoas. Esta foi a primeira, escrita pelo Vô Benjamim, que tinha então 58 anos. É uma riqueza!
Incrível como todo pai e toda mãe perguntam por seus filhos: "O que será deste menino/a?". Mesmo depois de adultos, continuaremos a perguntar isto a respeito de nossos filhos e nossos pais a respeito de nós.
Creio que - em certa medida - é esta também a “pergunta” que Deus faz a respeito de cada filho seu. Pois, na verdade, não é tanto uma pergunta, mas uma expressão de suas melhores intenções para com o/as filho/as, uma torcida!
Reproduzimos abaixo a carta, que expressa os sentimentos de um pai, pastor, para com sua filha no final da década de 50.
Campos dos Goytacazes (RJ), 29 de março de 1958.
Marline, minha filha:
Uma geração vem, e outra vai...
A vida, de madrugada cresce e floresce: à tarde, corta-se e seca, como a erva...
Quando me acodem reminiscências da mocidade e da meninice, nos dias de hoje, tenho a impressão nítida de que tudo foi ontem e que ainda sou jovem e menino! Entretanto, a realidade é que já estou no declínio e os filhos estão todos crescidos. Você, agora, é uma moça viva, alegre. Mas irá igualmente pelo caminho da terra. Mais um pouco, sua mãe e eu passaremos. Ficará você. E... provavelmente outra mocinha, minha neta, reservará de outro álbum uma folha, escrevendo, a lápis, lá em cima: “Mamãe”...
Eu então estarei no Céu, para onde já foram papai e mamãe e todos os meus irmãos homens. Mas, francamente, teria vontade de, nessa época (se Cristo ainda não tiver voltado, é claro), ressuscitar e vir ver a Terra de novo, se bem que só algumas horas. Sabe para quê?
Para verificar se minha filha é feliz, se anda na vereda do Senhor, se é membro ativo da Igreja, se está casada com homem sinceramente cristão, se educa os filhos no Evangelho de Jesus, se ama e respeita as Escrituras, se perpetua o nome e as tradições dos pais...
Cada década, cada guerra, cada revolução, cada descoberta gera no mundo outra mentalidade, outra atmosfera, outra modalidade de pessoa, de sentir, de viver e de julgar. Às vezes de mal a pior. Já é naturalíssimo, por ex., em certos meios cristãos, que a moça fume, frequente bailes, ande com roupas masculinas, e, até, seja impura. Cristo, porém, Marline, é o mesmo ontem, hoje e eternamente; e, se se acabam preconceitos e se alteram costumes e juízos sociais, porque tudo evolui e se modifica, todavia os princípios da moral, decência e os postulados da consciência cristã permanecem insolúveis para aqueles que em comunhão com Jesus, têm “a mente de Cristo”.
Este conselho, tome-o para toda a vida: despreze as opiniões alheias, quando consultado o Pai celeste, tiver certeza da Vontade de Deus na sua vida.
Benjamim L. S. César
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