Por Aramis Trintin
Todo homem que busca a Deus anseia ouvir sua voz, anseia por uma resposta d’Ele. Em todos os momentos de nossa vida esperamos a resposta de Deus para alguma particularidade pessoal, seja na área espiritual, financeira, sentimental, ministerial, profissional, familiar…
Infelizmente isso tem gerado uma busca incansável por uma resposta, buscando por todos os meios uma resposta para o momento sem levar em consideração a instrução contida na palavra de Deus a respeito daquilo que ouvimos ou esperávamos ouvir, ou até mesmo sobre os meios utilizados para que esta resposta chegasse até nós.
Toda sorte de profecia tem sido aceita no meio cristão sem ao menos ser provada através das Escrituras Sagradas, profecias essas que tem levado à desilusão muitos fiéis de Cristo.
Creio sim no ministério profético. Mas creio de forma extremamente diferenciada daquilo que se tem visto hoje nos púlpitos e afins.
Para início desse estudo devemos concluir oque significa a palavra “profeta”. A palavra “profeta” vem da palavra hebraica “nãbi”, que significa “porta voz”. Devemos saber que a palavra profeta, é utilizada para um verdadeiro ou falso profeta, e o termo aparece no AT cerca de 309 vezes.
A primeira vez que a palavra “profeta” aparece na Bíblia é acerca de uma referência a Abraão, em Gn 20.7.
“Agora, pois, restitui a mulher ao seu marido, porque profeta é…”
Alguma vez já lhe passou pela cabeça que Abraão era profeta? Em que circunstâncias vemos Abraão tendo revelações ou predizendo eventos futuros?
Devemos ter em mente que Abraão foi um dos homens mais fiéis ao termo “nãbi”, e serviu seriamente a esse ministério sendo o porta voz de Deus a um povo desobediente.
Temos outra ocorrência da palavra profeta em Ex 4.16 e 7.1:
“E ele falará por ti ao povo; e acontecerá que ele te será por boca, e tu lhe será por Deus.”
“Então disse o Senhor a Moisés: Eis que te tenho posto por deus sobre faraó, e Arão, teu irmão, será teu profeta.”
Moisés tinha problema para falar claramente, e estava se recusando a ir como porta voz de Deus perante Faraó. Então Deus lhe dá Arão como seu profeta.
Moisés tinha a mensagem, mas Arão era a voz.
Então chegamos uma definição mais detalhada do que seja um profeta:
“Profeta é alguém que fala por outro, ou alguém que empresta sua voz para outro.”
Então podemos notar que a visão de que profeta é alguém que prevê eventos futuros e que o centro da profecia são revelações é totalmente incorreta!
A igreja hoje faz parte de uma Nova Aliança e portanto de novas diretrizes, o que era pertinente do AT as vezes não é no NT. Porém, vejamos que o ministério profético também estava presente desde o início do NT.
“Aquele que desceu do céu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas. Ele mesmo deu uns para profetas [...] até que todos cheguemos a unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.” Ef 4.11-13
Vemos através desse versículo que Cristo é aquele que ordena os homens a cada ministério conforme a sua vontade, sendo que esses ministérios deveriam estar presentes até que o Corpo de Cristo chegue à unidade da fé. Creio então que o ministério profético ainda se torna real em nossos dias.
Vamos analisar os versículos abaixo:
“Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor; E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que venha, e fira a terra com maldição.” Ml 4.5-6
Esse Elias não é o homem descrito em I e II Reis, não se refere ao homem histórico, a pessoa em si, mas descreve o verdadeiro ministério de Elias.
Antes da primeira vinda de Jesus, o anjo Gabriel apareceu a Zacarias, o pai de João Batista, e descreveu a chamada na vida de seu filho:
“E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus, e irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto.” Lc 1.16-17
Vemos nesse versículo acima que haveria uma conversão, haveria uma reconciliação entre Deus e seus filhos. E vemos as seguintes palavras de João no início de seu ministério:
“E dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.’ Mt 3.2
Em João Batista se cumpre essa profecia acerca do retorno do ministério de Elias, o qual promoveria tal conversão.
A tradição relata que Deus não mais se manisfestou por cerca de 400 anos, não enviou profetas nesse período nem apareceu a ninguém (Teofania). Vemos então que o evangelho de Marcos inicia-se com a frase:
“Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus (v.1) [...] Apareceu João batizando no deserto, e pregando o batismo de arrependimento” (v.4) [...]
Alguns teólogos afirmam que João era um profeta da Antiga Aliança, mas verifica-se pelo versículo acima que isso não é verdade, pois o início do evangelho se caracteriza com João pregando no deserto.
Agora verifiquemos um pouco mais sobre as palavras de João Batista e seus procedimentos.
“Dizia, pois, João à multidão que saía para ser batizada por ele: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai; porque eu vos digo que até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão.” Lc 3.8
Essas são palavras proféticas e confortantes? Como nós nos portaríamos se assim nos fosse dirigido? São assim as ditas profecias atuais? São esse padrão que os profetas atuais seguem? As profecias desses profetas atuais convertem o coração dos filhos aos pais e vice versa?
Agora vejamos a avaliação de Deus sobre João:
“E assim, admoestando-os, muitas outras coisas também anunciava ao povo.” Lc 3.18
Este versículo mostra João como um admoestador! Ou seja, alguém que incentiva e estimula a um propósito. Mas imagine irmãos se ao altar se achega um pregador “estilo João” corrigindo o povo e levando ele ao propósito máximo que é Deus. Com certeza em muitos templos faria somente uma pregação e nunca mais seria bem vindo no lugar.
Muitos cristãos possuem comichões em seus ouvidos, e procuram profetas conforme a sua vaidade para ouvirem aquilo que lhes apraz. Quando um desses templos é admoestado na verdade ele se rebela, insuflando seu orgulho vil, desprezando todo tipo de correção, entendimento e conhecimento na verdade.
Mas infelizmente aos “mágicos de auditório” com finais “mirabolantes” determinados cristãos tem ouvido, pois sua busca nunca foi ver manifestada a Glória de Deus, mas sim satisfazer seu egocentrismo com profecias vaidosas e diabólicas que somente falam do bem estar do homem.
Caríssimos irmãos tenho por profeta o homem que prega o arrependimento dos pecados, prega a salvação através do sacrifício de Cristo, que corrige duramente e condena todo pecado, levando o coração errôneo à límpida e pura verdade do Evangelho da graça soberana de Deus.
Desprezo literalmente todo tipo de pregação, admoestação, exortação, ensinamento egocêntrico, pois a glória somente ao Senhor pertence.
Que a verdade que vem da Palavra de Deus possa incendiar vossos corações para que a ameis cada dia mais, buscando cada dia estar mais próximo dessa verdade. Estude, medite e pratique seriamente a maior revelação e resposta que Deus deu a nós… A Bíblia!
“Compra a verdade, e não a vendas; e também a sabedoria, a instrução e o entendimento.” Pv 23.23
SOLI DEO GLORIA!
***
Púlpito Cristão
Nenhum comentário:
Postar um comentário