Por RICARDO LEITE*
Ao fim da 28ª rodada do Brasileirão, nona do returno, cheguei a algumas conclusões.
A primeira é que o melhor time do campeonato é o Internacional.
Se conquistará o título é outra história.
Quando vejo os jogos da equipe colorada fico satisfeito com o corpo que o time apresenta, jogadores que fazem tabelas em velocidade, um meio campo cerebral, boa defesa e, agora, com Dorival Júnior no banco.
Infelizmente a reação dos colorados é tardia, porque gostaria que fossem campeões.
Corinthians, Vasco, Santos, São Paulo, Botafogo e Flamengo são arremedos de time porque jogam um futebol pragmático e covarde.
A segunda conclusão é muito doída e se concretizará nessas últimas nove rodadas:
o rebaixamento provável do Atlético e o possível do Cruzeiro.
Os times mineiros vivem um processo de apequenação, se me permitem o neologismo, desde o início dos anos 80 até os dias de hoje.
O Galo é uma caricatura de clube, um gigante de pés de barro, que só é (era) levado a sério pela imprensa nacional devido a sua imensa e apaixonada torcida.
Uma instituição que vive de um título de 1971, um clube que é um verdadeiro amarelão — dói mas é verdade.
Em 1977 perdeu ridiculamente aquele Campeonato Brasileiro para o São Paulo de forma invicta — desconsideremos o regulamento absurdo e nos fiemos apenas no futebol.
No Brasileirão de 1980, nova derrota, então para o Flamengo, verdade que operado pela arbitragem, mas convenhamos, time bom passa por cima de tudo.
Na Libertadores de 1981 foi um escárnio — há de se escusar o Galo face à péssima arbitragem de José Roberto Wright, e só.
Em 1985 foi o título mais fácil que o Galo deixou escapar frente ao Coritiba — risível como o Atlético é amarelão.
Pela malfadada Copa União de 1987, novamente uma equipe, invicta até que na hora da decisão se apequenou diante do Flamengo.
No Campeonato Brasileiro de 2001 uma semifinal contra o inexpressivo São Caetano foi um melancólico ponto final da última razoável equipe do Galo.
Depois disso vieram as goleadas.
Não passava uma temporada sem que o Galo sofresse uma goleada, algo impensável em tempos passados.
Isso tudo culminou com o rebaixamento em 2005.
Pior que, diferente dos outros grandes que caíram e retornaram a Série A, o Atlético continua dando vexames.
Para os que não sabem, o Galo é a equipe que mais frequentou a zona do rebaixamento desde a instituição do campeonato por pontos corridos em 2003.
Vejo que o Atlético é um clube e uma torcida completamente descontrolados emocionalmente.
O fantasma das arbitragens larápias e dos vexames inexplicáveis assombram o povo alvinegro.
A tudo isso soma-se um presidente autoritário, arrogante que a todos aconselha e não ouve ninguém.
Como é doído para mim admitir isso.
Sou fã do Alexandre Kalil, porque é um atleticano dos mais valorosos, muito bem intencionado, ama o nosso Galo.
Entretanto, Kalil, e peço desculpas para lhe atestar algo que lhe escapa e seria salutar você entender de uma vez por todas: VOCÊ NÃO É O ELIAS, É O ALEXANDRE.
E isso acaba por se transformar numa obsessão.
É difícil ser filho do maior administrador da história do Galo — (e penso como deve ter sido duro para o Edinho guardar a meta dos Santos).
Todavia não podemos ser injustos, Kalil, o filho, é um verdadeiro milagreiro, conseguiu colocar o Atlético nos eixos.
Hoje temos dívida equalizada, um CT que nem de longe nos faz lembrar os penosos tempos de Vila Olímpica e a ciganagem em busca de campos para treinar.
Não, isso é passado.
Porém, o Galo não é só uma empresa, é um clube de futebol que perdeu a tradição de disputar títulos nacionais, porque vencê-los nunca foi costume.
Logo, precisamos de alguém que entenda de futebol e não contrate pessoas sem identificação com o Galo como o Sr. Eduardo Maluf para gerenciar o futebol.
Essa situação alvinegra ficou tão patente que foi capa da edição 1359 da revista Placar: “Oito Soluções para Salvar o Galo”, leitura recomendadíssima aos incautos e iludidos atleticanos, que são muitos diga-se.
Enquanto não exorcisarmos esses demônios continuaremos a nossa caminhada rumo ao fundo do abismo, no qual caímos há tempos.
Passo a analisar o Cruzeiro.
O clube celeste após a conquista da libertadores de 1976 ao invés de trilhar caminhos maiores acompanhou seu arquirival.
Senão, vejamos.
Um clube deve ter um rival de tradição, de grandeza indiscutível nacionalmente.
Sinceramente a questão versa de forma análoga ao brocardo do ovo e da galinha.
Não se sabe se o Cruzeiro acompanhou o processos de nanismo do Atlético ou se um foi para o outro um incentivador daninho.
Por que digo isso?
Bem, enquanto o Cruzeiro passou uma via crúcis desde a Libertadores de 76 até o título da Copa do Brasil de 1993 o Atlético ao invés de se afirmar como gigante contentou-se em levantar um Hexacampeonato Mineiro e dar vexames nacionais.
Quando os bons ventos sopraram brevemente pela Toca da Raposa o alvinegro começou seu calvário de aproximadamente uma década que culminaria com o rebaixamento em 2005.
Hoje o Cruzeiro é uma piada.
A diretoria e torcida, de uma arrogância colossal, jamais entenderam que não deveriam se comparar ao Atlético, poius devereim mira-se no grande não no decadente.
A brilhante temporada de 2003 celeste foi o réquiem para a decadência, pois, a arrogância cruzeirense transformou a chance de se tornar um potência num messiânico “Campeonato Brasileiro de 1971″ para a torcida cruzeirense que, feito a atleticana, passou a viver de passado.
E essa miopia agora apresenta sua conta: o espelho reflete um possível rebaixamento.
E para que não pairem dúvidas, meus caros, é só notar que o futebol mineiro começou a deixou de ser a terceira força nacional desde meados dos anos 70, quando os gaúchos nos ultrapassaram.
Basta comparar do primeiro Brasileirão para cá: o futebol gaúcho ganhou dois mundiais de clubes e o mineiro nenhum: quatro Libertadores contra duas dos mineiros: cinco Brasileirões contra dois dos mineiros e seis Copas do Brasil contra quatro dos mineiros, todas com o Cruzeiro.
Como os números não mentem temos que o futebol mineiro não é a terceira força nacional.
Os gaúchos nos passaram há tempos devido a sua organização, disciplina, critério de gestão do futebol, além de TODOS, Grêmio, Internacional e até o Juventude, possuirem estádios PRÓPRIOS, situação bem diferente das equipes mineiras com exceção do pífio América-MG.
Não comentarei a arrogância da maior parte da imprensa mineira, caipira e atleticana, que vivia a ressaltar a decadência do futebol carioca na década de 2000 porque hoje está aí o resultado: futebol carioca novamente vencedor e brigando “nas cabeças”.
Não se olhou, então, para o nosso quintal, mas para os nossos vizinhos.
Ao cabo dessa análise concluo que nunca foi tão apropriado o apelido de Patético ao Atlético, realmente uma vergonha nacional.
Uma pena porque a torcida do Galo é inigualável, embora, como todas as massas, descerebrada e manipulável.
Já o Cruzeiro é um clube ridículo, é o tudo que poderia ter sido e não foi, embora ache-se potência e teve até a audácia de se intitular “BARCELONA DAS AMÉRICAS”.
Mas, novamente, como de praxe, deu vexame na Libertadores 2011 e agora resolveu seguir o Patético na caminhada do rebaixamento.
O descenso atleticano é quase certo, primeiro pelo péssimo futebol, segundo por que disputa uma vaga na Série A com o Cruzeiro, clube muito sortudo.
Logo, o rebaixamento do Cruzeiro é possível, porém improvável.
Enquanto os dirigentes mineiros não se atualizarem, a tendência é de mais vexames, pricipalmente por parte do Atlético, que agora tem um aplicado aluno celeste.
Enfim, dou-me por rebaixado, pois milagres não se repetem como o de 2010.
Resta esperar para saber se o clássico do rebaixamento, na última rodada, resultará na volta do Galo à Série B ou se em 2012 teremos uma Série B(H) com Atlético, Cruzeiro e América, em mais uma proeza do Cruzeiro, o Barcelona das Américas (só rindo).
*Ricardo Leite e Souza, 32 anos, é advogado.
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