segunda-feira, 20 de maio de 2013

Jornal português revela a atuação sórdida da Universal na África Lusófona: Uma igreja de ladrões.





LUSOMONITOR

“Em lado algum a Igreja Universal do Reino de Deus encontrou mais sucesso do que na África lusófona”. O sucesso em Angola e Moçambique, onde a IURD enche estádios com mais de 40 mil pessoas – entre elas vários ministros – deve-se à língua comum e a um império mediático poderoso, afirma o diário de assuntos religiosos The Revealer.

Há cerca de uma década presente em Portugal, Angola e Moçambique, a IURD tem sido foco das atenções angolanas depois do incidente ocorrido a 31 de Dezembro de 2012, em Luanda, onde morreram 16 pessoas por asfixia e esmagamento e perto de 120 ficaram feridas. A “Vigília do Dia do Fim”, concentrou dezenas de milhares de pessoas que ultrapassaram, em muito, a lotação autorizada do Estádio da Cidadela.

O Governo angolano suspendeu por 60 dias as actividades da Igreja Universal do Reino de Deus, mas esta semana levantou a suspensão da Igreja de origem brasileira, que tem vindo a expandir-se para países em desenvolvimento. Hoje, conta com cerca de 12 milhões de seguidores em 150 países.

“Muita da popularidade da Igreja em Moçambique e Angola pode ser atribuída à língua comum, o português, que tornou os missionários muito mais eficazes do que seriam em zonas anglófonas ou francófonas de África”, refere o artigo “Milagres a Pedido”, do jornalista Rowan Moore Gerety.

Além disso, em Moçambique a IURD tem beneficiado de uma “mais vasta afinidade cultural em Moçambique, que se estende ao uso dos media e mesmo ao seu posicionamento em relação às religiões tradicionais”, refere o artigo, um dos mais detalhados escritos até hoje sobre a presença da igreja nos países lusófonos. Em Moçambique, a IURD detém a TV Miramar, uma “newsletter” com circulação equivalente à dos principais diários e ainda uma rede de rádios locais.

Na IURD, adianta, a “teologia da prosperidade” vai ao ponto em que “Deus compensa o sacrifício financeiro como medida da fé: quanto mais dinheiro se dá, mais fé se tem; quanto mais fé se tem, mais bênçãos se vai receber. Doe à Igreja Universal, pregam os pastores da Igreja, e tudo é possível: riqueza, felicidade, liberdade das doenças”.

Esta mensagem encontra terreno particularmente fértil em países como Moçambique, com baixos rendimentos, esperança média de vida reduzida (cerca de 50 anos), e prevalência da medicina tradicional. “É um ambiente onde as promessas da Igreja de saúde e riqueza – muitas vezes complementadas com óleos sagrados, amuletos e outros objetos reminiscentes dos curandeiros moçambicanos – têm florescido”.

“Mas em Moçambique, tal como noutros lados, o credo da Universal tem levado à bancarrota alguns dos seus crentes. Os fiéis têm deixado chaves de carros, títulos de propriedade e salários completos no altar, na esperança de alcançar um milagre prometido, apenas para abandonar a Igreja meses ou anos depois sentindo-se enganados”, refere o artigo do Revealer.

O fundador da Universal, Edir Macedo, foi detido no Brasil acusado de charlatanismo, investigado por evasão fiscal nos Estados Unidos. Na Bélgica, um relatório parlamentar classificou a Igreja como culto. Em Moçambique, alguns referem-se à IURD como “Igreja dos Ladrões”.

Muitos sectores no partido no poder, FRELIMO, olham para a Igreja com desconfiança. Mas também não faltam apoios à IURD ao mais alto nível. Num grande evento no final de 2011, que terá juntado mais de meio milhão de pessoas em todo o país, participaram o primeiro-ministro, Aires Ali, o ministro da Justiça e o ministro dos Desportos e Cultura, relata o The Revealer.

Numa entrevista ao site Pambazuka News, o académico angolano Celso Malavoneke acusou a IURD de ser apenas “uma boa empresa”, que “persegue o lucro”. Por duas vezes, a IURD apresentou uma queixa contra Malavoneke e o professor chegou a ser considerado culpado pela justiça angolana.




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