sexta-feira, 24 de maio de 2013

Jardins suspensos da Babilônia seriam na verdade de Nínive?





Sim, é isso mesmo que você leu. Que Babilônia, que nada! Uma das sete maravilhas do mundo antigo, os famosos jardins suspensos estiveram um dia localizados em Nínive, e não na Babilônia, segundo uma nova versão revelada esta semana.

Nínive, capital do antigo reino da Assíria, é mais lembrada por ter sido a terra perversa onde o profeta Jonas foi - contra a sua vontade - pregar sua mensagem de arrependimento, tendo conseguido 100% de sucesso (algo que ele também não esperava nem queria, curiosamente).

Stephanie Dalley, uma pesquisadora britânica da Universidade de Oxford levou 18 anos estudando textos e idiomas antigos em busca de evidências que dissessem com exatidão onde se situavam os famosos jardins suspensos atribuídos à Babilônia, imortalizados no filme "Alexandre, o Grande" (2004, cena abaixo):


O trabalho consistiu em decifrar e interpretar escritas cuneiformes assírias e babilônicas, bem como textos da antiguidade clássica greco-romana, área em que Dalley é especialista.

Um dos textos consultados tem origem assíria sete séculos antes de Cristo e, segundo a pesquisadora, foi erroneamente traduzido nos anos 1920, fazendo com que trechos do seu conteúdo parecessem hoje verdadeiros absurdos.

Cairia por terra, portanto, a versão do famoso historiador judaico, Josefo, que - no século I d. C. - foi a primeira pessoa a afirmar que Nabucodonosor (rei da Babilônia) havia criado os jardins suspensos, versão que praticamente todos os historiadores posteriores compraram a partir de então.

Será que a reinterpretação do passado porá fim a um hoax babilônico de 2.700 anos?

Consultando os "arquivos" antigos, Stephanie Dalley chegou à conclusão de que o verdadeiro construtor de uma das 7 maravilhas do mundo antigo foi, na verdade, o monarca assírio Senaqueribe, o barbudo esquisitão da imagem ao lado, que iniciou seu reinado de 12 anos em 704 a. C. (aproximadamente).

O reino da Assíria é presença constante nos relatos do Velho Testamento, sendo Senaqueribe especialmente citado em 2ª Reis capítulos 18 e 19, 2ª Crônicas 32 e Isaías 36 e 37.

A Babilônia não fica atrás, sendo citada em vários livros bíblicos, e Nabucodonosor é referido em muitas passagens de 2ª Reis, 1ª e 2ª Crônicas, Ester, Esdras, Neemias, e nos quatro chamados "grandes profetas": Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel.

Afirma a pesquisadora britânica que Nabucodonosor ficou com a fama que nunca deveria ter sido retirada de Senaqueribe, o verdadeiro, digamos, "autor intelectual" de uma das maiores maravilhas arquitetônicas que o gênio humano foi capaz de criar.

Palácios de pedras preciosas guardados por leões de cobre colossais, aquedutos, fontes, jardins suspensos, tudo teria sido planejado nos mínimos detalhes pelo famoso imperador assírio em Nínive, cerca de 450 km ao noroeste de onde estão as ruínas da Babilônia, ambos os sítios localizados no Iraque.

Para se ter uma ideia geográfica do atual Iraque, as ruínas da Babilônia estão próximas a Bagdá e as de Nínive perto de Mossul, cidade que - no século VII d. C. daria origem ao nome "muçulmano".

As escavações da antiga Nínive estão suspensas há um bom tempo, devido à dificuldade dos arqueólogos ocidentais em realizarem suas escavações por lá, além das sucessivas pilhagens do pouco que restou, provocadas pela instável situação política na área.

No artigo publicado pelo The Guardian, sem especificar detalhes, a pesquisadora Stephanie Dalley lança dúvidas também sobre o livro deuterocanônico (ou apócrifo) de Judite, que consta das versões católicas da Bíblia, que, segundo ela, também teria confundido os feitos de Nabucodonosor com os de Senaqueribe.

De qualquer maneira, muita água ainda rolará pelos rios Tigre e Eufrates até que se confirmem as novas descobertas. Aguardemos um pouco mais.

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