domingo, 26 de maio de 2013

O Sofrimento e a Glória de Deus


 


 

R. C. Sproul



R. C. Sproul nasceu em 1939, no estado da Pensilvânia. É ministro presbiteriano, pastor da Igreja St. Andrews Chapel, na Florida; fundador e presidente do ministério Ligonier, professor e palestrante em seminários e conferências; autor de dezenas de livros, vários deles publicados em português; possui um programa de rádio chamado: Renove sua Mente, o qual é transmitido para uma grande audiência nos EUA e para mais de 60 outros países; Suas graduações incluem passagem pelas seguintes universidades e centros de estudos teológicos: Westminster College, Pennsylvania, Pittsburgh Theological Seminary, Universidade livre de Amsterdã e Whitefield Theological Seminary. É casado com Vesta Ann e o casal tem dois filhos, já adultos.



Certa vez visitei uma mulher que estava morrendo de câncer uterino. Ela estava em grande angústia, mas não apenas por seu incômodo físico. Ela me explicou que ela havia feito um aborto quando moça e estava convencida de que sua doença era uma direta consequência daquilo. Resumindo, ela acredita que o câncer era o julgamento de Deus sobre ela.
A resposta pastoral comum a tal questão agonizante de alguém em seu leito de morte é dizer que a aflição não é um julgamento de Deus pelo pecado. Mas eu tive de ser honesto, então eu disse a ela que não sabia. Talvez fosse julgamento de Deus, mas talvez não fosse. Eu não posso sondar o conselho secreto de Deus ou ler a mão invisível de sua providência, então eu não sabia o motivo de seu sofrimento. Eu sabia, contudo, que qualquer que fosse a razão para aquilo, havia uma resposta para a culpa dela. Nós falamos sobre a misericórdia de Cristo e da cruz e ela morreu na fé.
A pergunta que aquela mulher levantou é feita todos os dias por pessoas que estão sofrendo aflições. Ela é abordada em uma das passagens mais difíceis do Novo Testamento. Em João 9, nós lemos: "Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos perguntaram: 'Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?' Respondeu Jesus: 'Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus'" (vv. 1-3).
Por que os discípulos de Jesus supuseram que a causa raiz da cegueira daquele homem era seu pecado ou o pecado de seus pais? Eles certamente tinham alguma base para essa hipótese, pois as Escrituras, dos registros da queda em diante, deixam claro que a razão pela qual o sofrimento, a doença e a morte existem neste mundo é o pecado. Os discípulos estavam corretos de que de alguma maneira o pecado estava envolvido na aflição daquele homem. Também, há exemplos na Bíblia de Deus causando aflição por causa de pecados específicos. No Israel antigo, Deus afligiu a irmã de Moisés, Miriã, com lepra porque ela questionou o papel de Moisés como porta-voz de Deus (Números 12:1-10). Igualmente, Deus tomou a vida do filho nascido a Bate-Seba como resultado do pecado de Davi (2 Samuel 12:14-18). A criança foi punida, não por causa de algo que a criança fez, mas como resultado direto do julgamento de Deus sobre Davi.
Contudo, os discípulos cometeram o erro de particularizar o relacionamento geral entre o pecado e o sofrimento. Eles assumiram que havia uma correspondência direta entre o pecado do homem cego e sua aflição. Eles não leram o livro de Jó, que trata de um homem que era inocente, e ainda assim foi severamente afligido por Deus? Os discípulos erraram em reduzir as opções a duas quando havia outra alternativa. Eles fizeram sua pergunta a Jesus de uma maneira "ou isso, ou aquilo", cometendo a falácia lógica do falso dilema, assumindo que o pecado do homem ou o pecado dos pais do homem eram a causa de sua cegueira.
Os discípulos também parecem ter assumido que qualquer um que tem uma aflição sofre em direta proporção ao pecado que foi cometido. Novamente, o livro de Jó risca essa conclusão, pois o grau de sofrimento que Jó foi chamado a suportar era astronômico comparado com o sofrimento e aflições de outros muito mais culpados do que ele era.
Nunca devemos pular para a conclusão de que uma incidência específica de sofrimento é uma resposta direta ou está em direta correspondência ao pecado específico de uma pessoa. A história do homem que nasceu cego deixa isso claro.
Nosso Senhor respondeu a pergunta dos discípulos corrigindo sua falsa suposição de que a cegueira do homem era uma direta consequência do pecado dele mesmo ou de seus pais. Ele lhes assegurou que o homem nasceu cego não porque Deus estava punindo ao homem ou a seus pais. Havia outra razão. E por haver outra razão neste caso, pode sempre haver outra razão para as aflições que Deus nos chama a suportar.
Jesus respondeu a seus discípulos dizendo: "Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus" (v. 3). O que ele quis dizer? De uma maneira mais simples, Jesus disse que o homem nasceu cego para que Jesus o pudesse curar no tempo designado, como testemunho do poder e da divindade de Jesus. Nosso Senhor demonstrou sua identidade como o Salvador e o Filho de Deus nessa cura.
Quando sofremos, devemos confiar que Deus sabe o que está fazendo, e que ele trabalha em e através da dor e das aflições de seu povo para sua própria glória e a santificação de seu povo. É difícil suportar sofrimento prolongado, mas a dificuldade é grandemente aliviada quando ouvimos nosso Senhor explicando o mistério no caso do homem nascido cego, que Deus chamou para muitos anos de dor para a glória de Jesus.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Jardins suspensos da Babilônia seriam na verdade de Nínive?





Sim, é isso mesmo que você leu. Que Babilônia, que nada! Uma das sete maravilhas do mundo antigo, os famosos jardins suspensos estiveram um dia localizados em Nínive, e não na Babilônia, segundo uma nova versão revelada esta semana.

Nínive, capital do antigo reino da Assíria, é mais lembrada por ter sido a terra perversa onde o profeta Jonas foi - contra a sua vontade - pregar sua mensagem de arrependimento, tendo conseguido 100% de sucesso (algo que ele também não esperava nem queria, curiosamente).

Stephanie Dalley, uma pesquisadora britânica da Universidade de Oxford levou 18 anos estudando textos e idiomas antigos em busca de evidências que dissessem com exatidão onde se situavam os famosos jardins suspensos atribuídos à Babilônia, imortalizados no filme "Alexandre, o Grande" (2004, cena abaixo):


O trabalho consistiu em decifrar e interpretar escritas cuneiformes assírias e babilônicas, bem como textos da antiguidade clássica greco-romana, área em que Dalley é especialista.

Um dos textos consultados tem origem assíria sete séculos antes de Cristo e, segundo a pesquisadora, foi erroneamente traduzido nos anos 1920, fazendo com que trechos do seu conteúdo parecessem hoje verdadeiros absurdos.

Cairia por terra, portanto, a versão do famoso historiador judaico, Josefo, que - no século I d. C. - foi a primeira pessoa a afirmar que Nabucodonosor (rei da Babilônia) havia criado os jardins suspensos, versão que praticamente todos os historiadores posteriores compraram a partir de então.

Será que a reinterpretação do passado porá fim a um hoax babilônico de 2.700 anos?

Consultando os "arquivos" antigos, Stephanie Dalley chegou à conclusão de que o verdadeiro construtor de uma das 7 maravilhas do mundo antigo foi, na verdade, o monarca assírio Senaqueribe, o barbudo esquisitão da imagem ao lado, que iniciou seu reinado de 12 anos em 704 a. C. (aproximadamente).

O reino da Assíria é presença constante nos relatos do Velho Testamento, sendo Senaqueribe especialmente citado em 2ª Reis capítulos 18 e 19, 2ª Crônicas 32 e Isaías 36 e 37.

A Babilônia não fica atrás, sendo citada em vários livros bíblicos, e Nabucodonosor é referido em muitas passagens de 2ª Reis, 1ª e 2ª Crônicas, Ester, Esdras, Neemias, e nos quatro chamados "grandes profetas": Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel.

Afirma a pesquisadora britânica que Nabucodonosor ficou com a fama que nunca deveria ter sido retirada de Senaqueribe, o verdadeiro, digamos, "autor intelectual" de uma das maiores maravilhas arquitetônicas que o gênio humano foi capaz de criar.

Palácios de pedras preciosas guardados por leões de cobre colossais, aquedutos, fontes, jardins suspensos, tudo teria sido planejado nos mínimos detalhes pelo famoso imperador assírio em Nínive, cerca de 450 km ao noroeste de onde estão as ruínas da Babilônia, ambos os sítios localizados no Iraque.

Para se ter uma ideia geográfica do atual Iraque, as ruínas da Babilônia estão próximas a Bagdá e as de Nínive perto de Mossul, cidade que - no século VII d. C. daria origem ao nome "muçulmano".

As escavações da antiga Nínive estão suspensas há um bom tempo, devido à dificuldade dos arqueólogos ocidentais em realizarem suas escavações por lá, além das sucessivas pilhagens do pouco que restou, provocadas pela instável situação política na área.

No artigo publicado pelo The Guardian, sem especificar detalhes, a pesquisadora Stephanie Dalley lança dúvidas também sobre o livro deuterocanônico (ou apócrifo) de Judite, que consta das versões católicas da Bíblia, que, segundo ela, também teria confundido os feitos de Nabucodonosor com os de Senaqueribe.

De qualquer maneira, muita água ainda rolará pelos rios Tigre e Eufrates até que se confirmem as novas descobertas. Aguardemos um pouco mais.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

“Ainda que”: a espiritualidade da permanência




O que é permanência? Seria a pura insistência? Seria apenas a postura firme, a radicalidade que não recua? Talvez seja uma mistura de tudo isso, entretanto, prefiro defini-la como "a intimidade das raízes". Permanência é produto da discrição das raízes. Estamos numa sociedade em crise com a permanência. Uma época marcada pela transitoriedade de tudo. 

Observando alguns textos bíblicos, notei a insistência abençoadora do permanecer. A expressão "ainda que" permeia a textura de diversas construções teológicas das Escrituras. Analise, com calma, esses caminhos de permanência:

Em I Coríntios 13, Paulo escreve um dos mais espetaculares textos sobre o amor, marcado pela expressão "ainda que". Seu convite à permanência no amor precisa de eco em nossa espiritualidade monetária da atualidade. "Ainda que" todos os êxtases estejam presentes, sem a permanência do amor, tudo é vazio.

O profeta Habacuque, pontua seu poema (3. 17) com faces magistrais do "ainda que". Ele desafia o processo natural da vida: "Ainda que" a figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; "ainda que" o produto da oliveira minta, os campos não produzam mantimento. "Ainda que" o rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado... "Todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação". Sua permanência insiste na alegria quando as estações das crises determinam a esterilidade. Habacuque significa "abraço", é a permanência no abraço de Deus que nos ajuda a vencer dias tempestuosos.

O Salmo 23 também tem seu "ainda que". É a presença que desafia o vale. No vale da suspeita, "a sombra da morte" não tem a última palavra, pois apesar do "ainda que", a presença do Mestre garante descanso. É o pastor que não desiste da ovelha frágil. É o pastor que não comercializa suas ovelhas, mas que protege-as do mal (João 17. 15).

Também tenho minha lista de "ainda que":

Ainda que Deus não responda, permaneço orando, pois falar com o Pai já é milagre da graça;

Ainda que as pessoas mudem, permaneço amando, pois o amor do Pai, em mim, liberta-me para amar sem esperar retorno (João 13. 34: "Como eu vos amei...")

Ainda que sonhos não se realizem, permaneço sonhando, pois a vida sem o ingrediente estimulante da utopia seria insuportável.

Ainda que as flores deixem de nascer, continuarei percebendo as cores da existência e o perfume do amanhã.

Ainda que ninguém leia o que escrevo, permaneço rabiscando páginas que a história guarda.

Ainda que... a fantástica espiritualidade da permanência!

Alan Brizotti

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Jornal português revela a atuação sórdida da Universal na África Lusófona: Uma igreja de ladrões.





LUSOMONITOR

“Em lado algum a Igreja Universal do Reino de Deus encontrou mais sucesso do que na África lusófona”. O sucesso em Angola e Moçambique, onde a IURD enche estádios com mais de 40 mil pessoas – entre elas vários ministros – deve-se à língua comum e a um império mediático poderoso, afirma o diário de assuntos religiosos The Revealer.

Há cerca de uma década presente em Portugal, Angola e Moçambique, a IURD tem sido foco das atenções angolanas depois do incidente ocorrido a 31 de Dezembro de 2012, em Luanda, onde morreram 16 pessoas por asfixia e esmagamento e perto de 120 ficaram feridas. A “Vigília do Dia do Fim”, concentrou dezenas de milhares de pessoas que ultrapassaram, em muito, a lotação autorizada do Estádio da Cidadela.

O Governo angolano suspendeu por 60 dias as actividades da Igreja Universal do Reino de Deus, mas esta semana levantou a suspensão da Igreja de origem brasileira, que tem vindo a expandir-se para países em desenvolvimento. Hoje, conta com cerca de 12 milhões de seguidores em 150 países.

“Muita da popularidade da Igreja em Moçambique e Angola pode ser atribuída à língua comum, o português, que tornou os missionários muito mais eficazes do que seriam em zonas anglófonas ou francófonas de África”, refere o artigo “Milagres a Pedido”, do jornalista Rowan Moore Gerety.

Além disso, em Moçambique a IURD tem beneficiado de uma “mais vasta afinidade cultural em Moçambique, que se estende ao uso dos media e mesmo ao seu posicionamento em relação às religiões tradicionais”, refere o artigo, um dos mais detalhados escritos até hoje sobre a presença da igreja nos países lusófonos. Em Moçambique, a IURD detém a TV Miramar, uma “newsletter” com circulação equivalente à dos principais diários e ainda uma rede de rádios locais.

Na IURD, adianta, a “teologia da prosperidade” vai ao ponto em que “Deus compensa o sacrifício financeiro como medida da fé: quanto mais dinheiro se dá, mais fé se tem; quanto mais fé se tem, mais bênçãos se vai receber. Doe à Igreja Universal, pregam os pastores da Igreja, e tudo é possível: riqueza, felicidade, liberdade das doenças”.

Esta mensagem encontra terreno particularmente fértil em países como Moçambique, com baixos rendimentos, esperança média de vida reduzida (cerca de 50 anos), e prevalência da medicina tradicional. “É um ambiente onde as promessas da Igreja de saúde e riqueza – muitas vezes complementadas com óleos sagrados, amuletos e outros objetos reminiscentes dos curandeiros moçambicanos – têm florescido”.

“Mas em Moçambique, tal como noutros lados, o credo da Universal tem levado à bancarrota alguns dos seus crentes. Os fiéis têm deixado chaves de carros, títulos de propriedade e salários completos no altar, na esperança de alcançar um milagre prometido, apenas para abandonar a Igreja meses ou anos depois sentindo-se enganados”, refere o artigo do Revealer.

O fundador da Universal, Edir Macedo, foi detido no Brasil acusado de charlatanismo, investigado por evasão fiscal nos Estados Unidos. Na Bélgica, um relatório parlamentar classificou a Igreja como culto. Em Moçambique, alguns referem-se à IURD como “Igreja dos Ladrões”.

Muitos sectores no partido no poder, FRELIMO, olham para a Igreja com desconfiança. Mas também não faltam apoios à IURD ao mais alto nível. Num grande evento no final de 2011, que terá juntado mais de meio milhão de pessoas em todo o país, participaram o primeiro-ministro, Aires Ali, o ministro da Justiça e o ministro dos Desportos e Cultura, relata o The Revealer.

Numa entrevista ao site Pambazuka News, o académico angolano Celso Malavoneke acusou a IURD de ser apenas “uma boa empresa”, que “persegue o lucro”. Por duas vezes, a IURD apresentou uma queixa contra Malavoneke e o professor chegou a ser considerado culpado pela justiça angolana.




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domingo, 19 de maio de 2013

Vaticano é acusado de gastar R$ 58 mi em apartamentos em complexo que abriga maior sauna gay da Europa




AGÊNCIA BRASIL


Vaticano é acusado de gastar R$ 58 milhões em apartamentos em complexo que abriga maior sauna gay da Europa. Local é conhecido por suas “noites de urso”

A apenas um dia antes do início do conclave no Vaticano, a notícia de que a Santa Sé teria gasto 23 milhões de euros (cerca de R$ 58,7 milhões) na compra de um complexo de apartamentos em Roma, que abrigaria também a maior sauna gay da Europa, irrompeu nos sites internacionais.
O site inglês “The Independent” classifica a denúncia como um escândalo e relata que 18 apartamentos pertenceriam ao Vaticano, a maioria deles abriga padres.

Segundo a reportagem, o cardeal indiano Ivan Dias, 76, figura sênior do Vaticano que é chefe da Congregação para a Evangelização dos Povos, e também deve participar do conclave, é quem mais estaria preocupado com a repercussão da notícia.

Dias teria um apartamento de 12 quartos no primeiro andar do bloco, a poucos metros do local onde fica a suposta sauna.

A sauna é conhecida por suas “noites de urso”, anunciada em sua página na internet.

Leitores de sites gays italianos foram rápidos em fazer piadas sobre o tema.

“Se você não pode ir a uma sauna gay por medo de ser visto, o que você faz com milhões de euros roubados de italianos? Compra um bloco de apartamentos com a sauna dentro”, dizia um dos comentários do “Gay.it”.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Quem define a doutrina?



Desenvolvimento doutrinário é crescimento gradual, e não ruptura radical.

NA DÉCADA DE 1780, O ESCRITOR e filólogo Noah Webster lutou para criar uma linguagem norte-americana baseada na maneira como o povo falava, e não em regras estabelecidas por aristocratas ingleses. Morto em 1843, ele não chegou a ver o alcance histórico de sua obra. Muito tempo depois, em 1961, foi publicado o terceiro Novo dicionário internacional de Webster, que, curiosamente, assustou quem falava o inglês americano preconizado por ele tanto tempo atrás. Usando a então nova ciência da linguística, o dicionário retornou à autêntica tradição de Webster: ao invés de prescrever como as pessoas deveriam falar, a obra descrevia como elas realmente falavam.
Na controvérsia que se seguiu, detratores e defensores daquele estilo deixaram de lado o que talvez fosse a discussão mais importante: a de que a língua não é apenas um elemento para expressar ideias, conceitos e valores, mas ela mesmo é capaz de transformar os conteúdos que representa. As verdades são eternas, mas a linguagem da verdade – justamente aquilo no que as pessoas acreditam – se modifica. E, assim como um idioma se modifica ao longo dos tempos, incorporando novos elementos e descartando outros, a doutrina cristã também é condicionada por eventos e movimentos externos.
Um exemplo é a Regra de fé, as palavras repetidas por aqueles prestes a serem batizados na Igreja cristã primitiva. Sem dúvidas, ele começou como um resumo daquilo que foi dito por Cristo. Até que, no ano de 381, tornou-se o que hoje é chamado de Credo de Niceia, uma definição cuidadosa da vida e obra da Trindade. O detalhe é que aquilo que, no início, era considerado como "a linguagem da verdade", havia mudado bastante, como reação às heresias que surgiram naquele período, como o arianismo.
Naturalmente, nem toda mudança é provocada por heresia. O Cristianismo, muitas vezes, leva a novas formas culturais em resposta a novos contextos. A Reforma Protestante, com sua ênfase na sola scriptura, mudou-se com a velocidade da imprensa, recém-inventada. Os movimentos missionários ocorridos entre os séculos 16 e 19 seguiram as trilhas estabelecidas por exploradores e colonizadores. Eu cresci na tradição reavivalista – um córrego espiritual inflamado pela democratização da religião americana.
Toda mudança na fé cristã pode ser herética, cismática ou apenas perigosamente desequilibrada. Então, como devemos nos relacionar com os movimentos religiosos que surgem de vez em quando? Apelando para a tradição, fechando hermeticamente as portas para o que é novo, ou encolhendo os ombros e dizendo que vale tudo? O teólogo Richard Mouw modelou um meio-termo entre o elitismo teológico e permissividade cultural: "Se a Igreja ou a guilda dos teólogos definem algo adiante como verdade, é um bom sinal de que sua verdade é realmente recebido pelos membros."
Mouw estava respondendo a teólogos que criticaram o evangelicalismo por ser supostamente cooptado pelas tensões terapêuticas e de gestão da cultura americana. Ele exortou seus ouvintes a que olhassem para tais desenvolvimentos com uma hermenêutica da caridade, ao invés de suspeita. O que é que, sobre a vida da Igreja, precisa ser equilibrado através de aspectos do pensamento contemporâneo? A Igreja tem sido previamente carente da sensibilidade terapêutica ou de sabedoria gerencial? Se assim for, os teólogos devem mudar sua perspectiva de julgamento da cultura de buscar a atenção para as mensagens que podem ser enviadas.
Quando Newman escreveu sobre como fazer bom uso do "senso dos fiéis" em avaliar a doutrina da Igreja, sublinhou tanto a comunidade quanto a continuidade. Devemos abordar os ensinamentos de guardas solitários com a hermenêutica da suspeita até que a comunidade venha para apreciar os seus conhecimentos. A suspeita semelhante é chamada quando os ensinamentos se chocam radicalmente com a continuidade da fé.
Newman ensinou que o desenvolvimento doutrinário é um crescimento gradual, e não uma ruptura radical. Neste sentido, a doutrina é como a linguagem. Novos termos são meros neologismos até que sejam integrados por uma massa crítica de falantes nativos. Mas, quando um grande evento histórico ou uma importante transformação cultural nos traz novos vocabulários ou diferentes posturas religiosas, tanto linguistas como teólogos sábios fazem bem se prestarem atenção.

terça-feira, 14 de maio de 2013

CRIME OU CASTIGO?


Há alguns dias perdemos uma criança, que poderia ser minha, sua ou nossa .João Paulo queria ser pastor,  dava a paz do Senhor para os irmãos, pedia oportunidade na igreja e  também pedia às irmãs que cantassem aquela canção que sempre lhe fazia bem .
João Paulo era  uma menino especial , me chamou de pai algumas vezes, quando na creche meu filho fui buscar, queria vir comigo, talvez lhe faltasse uma família, alguém que lhe desse o amor e carinho recebido pelas outras crianças.Mas na agenda do caminho fui  levita e sacerdote, até preguei sobre ele, me lembrei e cheguei a chorar, mas atitude de samaritano que para e olha o ferido no caminho, essa eu não tomei .
Hoje João Paulo não está mais conosco, mora pertinho de Deus, que deu a ele um novo lar, um Pai de verdade que canta no ouvido do filho a mais linda canção de amor.
Se você ainda não sabe o que aconteceu com João Paulo, não quero chorar mais uma vez pra narrar algo tão doloroso pra todos nós dessa cidade, clicando aqui você pode conhecer toda essa triste história.

Deixo pra vocês esse poema de uma poeta da nossa terra que representa tudo o que penso e sinto mas não consigo expressar, pois, há limites na minha poesia que só quem tem alma de poeta consegue descrever.



CRIME OU CASTIGO?
(Janeuce Cordeiro Maciel)


Hoje em minha cidade
Uma mãe matou sua criança.
Alguns dizem 5, outros dizem 6
Há quem diga ainda 7 anos.
A mim não importa a idade
Mas uma mãe matou sua criança
Quando o menino chegou da escola 
E foi lhe entregar o trabalhinho do dia das mães.
A mim não importa quando
Mas uma mãe matou sua cria.
A bocas miúdas correm as adjetivações:
a demente, a assassina, a meliante, o monstro...
A mim não importa a caracterização
Mas uma mãe matou seu amor próprio.
Silenciou seu próprio amor
A golpes de machado, fatalmente.
A mim não importa como
Mas uma mãe matou seu sorriso.
A mim não importa mais nada
Sou engolida pelas lágrimas
Que ao caírem me libertam
E me impedem de quedar nesse golpe da vida.
A mim não importa mais nada
Pois uma morta em vida matou sua cria
Uma sem noção matou sua esperança
A loucura matou a ingenuidade.
É então que nascem as perguntas:
Quem morreu primeiro?
Quem é vítima de quem?
Quem é o verdadeiro assassino?
Meu olho é fundo
Meu olhar me machuca
Minhas palavras me derretem
Meus sentimentos me doem
Minhas lágrimas caem por mim.
Minha gente, acorda!

sábado, 11 de maio de 2013

Evangélicos são maioria entre os jogadores brasileiros da atualidade



Do UOL, em São Paulo

Os jogadores evangélicos são maioria no futebol brasileiro atual, revela uma pesquisa do UOL Esporterealizada com 105 jogadores de grandes times do país. Os atletas foram ouvidos sobre o tema em condição de anonimato.
Um terço dos atletas consultados (33%) está ligado a religiões evangélicas, enquanto que 18% afirmaram serem seguidores do catolicismo. Por fim, 2% declaram ser batistas.
Nas respostas, 19% dos jogadores consultados dizem estar distanciados de qualquer religião, enquanto que 28% optaram por não se manifestar a respeito do tema.
A reportagem do UOL ouviu jogadores de vários estados para traçar um raio-X do futebol no país através dos olhos dos boleiros. Em anonimato, atletas de grandes equipes falaram sobre temas controversos, como álcool, gays no esporte e relação com a imprensa.
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Jogadores com nomes "religiosos"17 fotos

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Qual a ligação de Cafu com religião? Seu sobrenome. O ex-lateral-direito se chama Marcos Evangelista Juca Varella/Folha Imagem
Foram ouvidos jogadores de Atlético-MG, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco da Gama.
Esta é a segunda edição do Pesquisão UOL Esporte com jogadores de futebol do país. No final de 2012, o levantamento trouxe opiniões polêmicas. Por exemplo, Kleber Gladiador foi eleito o jogador mais violento do país, e o corintiano Jorge Henrique, o mais irritante. Na mesma eleição, Milton Leite foi escolhido o melhor narrador, enquanto que Caio Ribeiro foi eleito o melhor entre os comentaristas da TV.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Pastor Marcos Pereira é preso por estupro no Rio




Líder evangélico foi detido na Via Dutra no fim da noite. Agentes da DCOD cumpriram dois mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça do Rio. VEJA revelou o caso em 2012

VEJA
Leslie Leitão, RJ

O pastor evangélico Marcos Pereira, da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, foi preso na noite desta terça-feira no Rio de Janeiro. Agentes da Delegacia Especial de Combate às Drogas (DCOD) detiveram o pastor às 22h15 na Rodovia Presidente Dutra. Contra Pereira havia dois mandados de prisão preventiva com base em acusações de estupro - como VEJA revelou em 2012. O pastor, que comanda igrejas no subúrbio do Rio e na Baixada Fluminense, foi levado para a sede da delegacia, no Andaraí, na Zona Norte.

Por meio de interlocutores e advogados, Marcos Pereira fez, pouco depois de ser preso, um chamado: solicitou que seguidores de sua corrente evangélica se dirigissem à sede da delegacia para protestar contra a prisão, que ele considera abusiva.

Contra o pastor, foram abertos recentemente seis investigações, referentes a seis casos de estupro. Os mandados de prisão preventiva que resultaram na detenção desta noite são referentes a dois desses casos. Os juízes que decretaram a prisão foram Richard Fairclough, da 1ª Vara Criminal de São João de Meriti, e Ana Helena Mota LIma, da 2ª Vara Criminal da mesma comarca.

Influente na política e frequentemente visto na companhia de autoridades, Marcos Pereira ganhou notoriedade com seu poder de convencimento sobre criminosos presos, o que rendeu a ele uma imagem de “pacificador”. Marcos Pereira chegou a trabalhar em parceria com o Grupo Cultural AfroReggae, que se dedica a recuperar jovens que tiveram envolvimento com o tráfico.

A parceria acabou a partir de uma troca de acusações entre Pereira e o líder do grupo, José Júnior. Em fevereiro de 2012, Júnior deu uma entrevista ao jornal carioca ‘Extra’ na qual acusava Pereira de ter ordenado ataques do tráfico em vários pontos do estado em 2006 – no episódio que deixou 20 pessoas mortas e ficou conhecido com “Rio de sangue”.

O pastor sempre negou as acusações e moveu ação contra José Júnior por calúnia. Júnior chamou, à época, o pastor e ex-aliado de “psicopata” e disse ter sido ameaçado por ele.


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terça-feira, 7 de maio de 2013

Pentecostal Deus é Amor: História e Polêmicas



Johnny Bernardo

Em junho de 1962, em fins da segunda onda pentecostal brasileira, surge uma denominação autônoma fundada por um ex-católico, chamado David Martins Miranda. Com então 24 anos de idade, Miranda acabara de ser consagrado a pastor e iniciava suas pregações de cura e libertação. Sua conversão ocorrera há quatro anos, ao participar de um culto na Igreja Pentecostal Maravilha de Jesus, presidida pelo Pr. Leonel Silva. Sua mãe e avó congregavam, já há alguns anos, na Tenda de Deus Pró-Salvação e Cura Divina, e insistiam em sua conversão. Acabou cedendo às pressões.

Em 1960, David Miranda e sua família ingressam na Igreja Pentecostal do Brasil, recentemente fundada pelo Pr. Roberto Anésio. Dois anos depois procura o pastor local para lhe contar uma revelação – a primeira de “muitas” que marcariam seu ministério. Segundo Miranda, às 2h50 do dia 2 de novembro de 1961, Deus lhe revelou algo a respeito de sua chamada. Um mês depois lança os fundamentos da Igreja Pentecostal Deus é Amor, ao realizar os primeiros cultos em um pequeno salão da Vila Maria. De lá, em 1970 a sede da IPDA é transferida para a Rua Conde de Sazerdas, 185, em duas casas de madeira transformadas em uma igreja. A sede definitiva da IPDA somente seria inaugurada em 1980, após a aquisição de uma área de 27.000 metros quadrados, na Avenida dos Estados, 4568, Baixada do Glicério, São Paulo – SP.

Atraídas pelas campanhas de cura e libertação, multidões fluíam todos os dias para a sede mundial da IPDA. Quatro anos depois cerca de 5.000 mil pessoas, dentre as quais os filhos do fundador, são batizados. Em 1989, David Miranda realiza sua primeira concentração internacional, na Praça Manco Cápac, Lima (Peru), em meio a um conflito civil liderado por guerrilheiros do Sendero Luminoso. A cura de um jovem que havia perdido a língua por uma overdose – consequência do uso de drogas -, em 1993, desencadeou uma nova corrida de fieis para os salões da IPDA. No ano seguinte, ao retornar de uma viagem a Buenos Aires, Miranda lança o jornal “O Testemunho” e dá início aos projetos em torno da “Assembleia dos Santos” – concentração de “milagres” que reúne centenas de pessoas de diversas cidades e países.
Em uma dessas concentrações, em 1º de maio de 1996, em Vitória (ES), três mortos teriam “ressuscitado” após uma oração de David Miranda. A mídia local, impressionada com os “milagres” e com o amplo número de participantes da cruzada, estampa nos principais jornais e noticiários que “nem mesmo o Papa consegue reunir tanta gente.” No começo de 1997, novo recorde: 400 mil pessoas comparecem ao Aterro do Flamengo (Zona Sul do Rio de Janeiro) para ouvirem a mensagem de David Miranda. Nos países vizinhos ao Brasil, pelo menos 280 mil pessoas são reunidas, sendo a maior concentração realizada entre os dias 04 e 05 de outubro, quando 150 mil peruanos compareceram ao estádio Nacional, em Lima.




Vista interna da sede mundial da Igreja Pentecostal Deus é Amor (Foto: Divulgação)




Inaugurada em janeiro de 2004, a nova sede mundial da Igreja Deus é Amor (construída no mesmo local da antiga), exemplifica o “sucesso” das campanhas conduzidas por David Miranda. A obra tem tamanho de shopping center, arquitetura de gosto duvidoso, comporta 22 mil pessoas sentadas e é cinco vezes maior que a Catedral da Sé, lembra Sérgio Gwercman, que assina a matéria “Evangélicos” (Super 02/2004, p.52). De fato, em seus cinquenta anos de existência a IPDA tem demonstrado capacidade de crescimento fora do normal. Daquele pequeno salão da Vila Maria, inicialmente composto por 70 membros, a Deus é Amor possui hoje mais de 1 milhão de membros, de acordo com o Censo 2010 (IBGE).

Segundo Emilio Zamboni Mendonça, da Universidade Metodista, “o rádio foi o principal ponto de apoio do crescimento da Igreja Pentecostal Deus é Amor.” Há, segundo Freston (1995, p.128), pelo menos cinquenta placas acima do púlpito do Templo da Glória de Deus, na Baixada do Glicério, com indicações das rádios que veiculam os programas da IPDA. Transmitido a partir da sede mundial, o programa “A Voz da Libertação” chega aos lares de milhares de brasileiros e é retransmitido para mais de 17 países via uma rede de mais de quarenta rádios pertencentes à Igreja Deus é Amor.
Particularidades
Diferente da Igreja Universal do Reino de Deus, a IPDA tem como base de atuação os menos favorecidos da sociedade. “Os muito pobres são mais facilmente atingidos pela pregação dos milagres e dos prodígios”, explica Leonildo Silveira Campos (Lusotopie, 1999, pp. 355 – 367). Dada à ênfase em milagres e cura divina – característica comum à segunda onda pentecostal brasileira -, a IPDA tem alcançado centenas de pessoas ao redor do mundo. “É uma agência de cura divina”, classificam os pesquisadores Mendonça e Velasques (Chestnut, 1997, p. 38). Cura divina, exorcismo, combate às religiões afro-brasileiras e ao catolicismo popular são algumas de suas características, seguidas e adaptas pelo Neopentecostalismo. Freston (1995, p. 128), associa a presença de obreiros uniformizados (na IURD) e o uso de técnicas de exorcismo (no palco e com direito a entrevista com demônios), como elementos oriundos da Igreja Pentecostal Deus é Amor. O uso da radiodifusão também seria um elemento seguido pela IURD e seus clones.
Nos programas radiofônicos e nas mais de 11 mil congregações da IPDA, David Miranda exerce controle absoluto sobre os membros. O regulamento interno, aprovado em 1986 e adaptado nove anos depois, estabelece uma série de normas às quais os membros são convidados a seguir: aos homens, é proibido o uso de bigode, costeletas, bermudas e camisetas sem mangas; às mulheres, corte dos cabelos, calça cumprida, maquiagem e adornos. Há outras restrições – impostas a membros de ambos os sexos -, como não participação em festas, locais de entretenimento, porte de armas de fogo, modalidades esportivas e aquisição de aparelhos de televisão.
Embora considere natural que uma igreja desenvolva sua identidade com base em usos e costumes, o teólogo Alex Belmonte chama a atenção para a base teológica. Segundo ele, uma das causas da fragilidade doutrinária da IPDA deve-se a ausência de uma base teológica sustentável. Opinião compartilhada por Sidnei Moura que, por 15 anos, congregou na IPDA. “A Igreja acabou cedendo, por longos anos, a uma série de novos modismos que, aliados a falta de conhecimento bíblico e a centralização radical da pregação em temas subalternos e ênfase demasiada em milagres e experiências pessoais, encontrou em seu seio um campo fértil para seu desenvolvimento”, avalia Moura. Ele cita ainda a exposição ao medo como uma forma de coerção. “Os fieis acabam seguindo as imposições da igreja principalmente por coerção, que é aplicada através da exposição ao medo: constantemente são bombardeados pelos sermões recheados de discursos de medo da condenação eternar e exposição aos demônios”.
Polêmicas
A Igreja Deus é Amor vem enfrentando uma série de problemas desde pelo menos 1976, quando 26 pessoas morreram vítimas de uma queda de uma laje, ao participarem da inauguração de uma filial da IPDA no Rio de Janeiro. Processado, David Miranda foi absolvido. Nove anos depois, Miranda, sua mulher e filha são denunciados à justiça de Porto Alegre por supostos “crimes” de curandeirismo e estelionato, mas acabaram livres das acusações. No começo de 2000, nova bomba: um ex-tesoureiro da IPDA (que teria trabalhado para a Igreja por 18 anos) procura a TV Bandeirantes para fazer uma série de denúncias contra a Igreja, que envolviam remessas ilegais de dólares para o exterior e associação com o narcotráfico. De acordo com o advogado Ruben Cavalheiro, representante da IPDA à época, o ex-tesoureiro vinha tentando “extorquir” a Igreja em R$ 1,5 milhão e ameaçado de tornar públicos alguns documentos oficiais.
Apesar de declarações do advogado da IPDA – de que o ex-contador teria tentado extorquir a igreja – e de que nenhuma condenação teria sido imposta à cúpula, o testemunho de Guilherme Filho Prado serviu de base para uma operação de busca e apreensão na casa de David Miranda, em setembro de 2000, e outras investigações promovidas pela PF de Foz do Iguaçu, São Paulo e Rio de Janeiro, além de CPIs do Narcotráfico de São Paulo e Brasília. A suspeita é de que a Andy Viagens e Turismo, com escritório na Vila Mariana (SP) e de propriedade da Igreja Deus é Amor, serviria de base para operações de lavagem de dinheiro. De acordo com investigações realizadas pela Polícia Federal, somente entre 1992 e 1996 – portanto, anterior às denúncias de Prado – cerca de 37 bilhões de reais teriam deixado o Brasil através de Foz do Iguaçu e tinham como destino contas do fundador da Igreja Deus é Amor. Indiciado por evasão de divisas e lavagem de dinheiro, David Miranda compareceu a Superintendência da Polícia Federal de São Paulo na tarde de 16 de maio de 2000 para prestar esclarecimentos sobre o envio de remessas de dólares para contas associadas à CC-5.
Dúvidas
Até que ponto o relato de Guilherme Filho Prado pode ser considerado confiável? Sidnei Moura lembra que, por ocasião de uma sabatina na ALESP, na qual Prado foi convidado como testemunha chave, após entrar em contradição em diversas declarações que haviam sido dadas a imprensa, um dos parlamentares o questionou sobre possíveis provas. Em resposta, o ex-contador afirmou que teve acesso a várias remessas ilegais de dinheiro, mas que a única coisa que podia afirmar sobre o envolvimento de traficantes foi ter visto os filhos de David Miranda recebendo tais traficantes na sede mundial. Na ocasião, a IPDA fez uma gravação de trechos da sessão onde Guilhermino Filho Prado é confrontado e que passou a ser transmitida em meios de comunicação ligados a IPDA. “Lembro-me que era obrigado veicular a gravação mesmo em programas de horários alugados em rádios, e nesses programas a ordem era rodar de meia em meia hora, como também nos cultos da igreja sede – houve até cultos especialmente convocados apenas para se ouvir tal gravação”, declara Sidnei Moura.
Ainda de acordo com Moura, o que lhe pareceu estranho foi o fato de que, antes de ir à ALESP, o ex- contador fez um verdadeiro alarde em diversas emissoras de rádio e televisão, e na última aparição na TV disse ter provas irrefutáveis da participação da IPDA nesse tipo de delito, e que apresentaria documentos que comprovariam tal esquema. “Depois de falar secretamente com membros da comissão foi a público sem uma única prova concreta sobre a denúncia – de envolvimento da IPDA com o narcotráfico”, revela Moura. O que ocorreu entre a última declaração de Prado, na TV, e a sabatina na ALESP? Não se sabe ao certo até que ponto o ex-contador teria mentido ou ocultado provas, e até onde possuía informações, mas seus depoimentos na TV Bandeirantes e, principalmente, na Polícia Federal, foram claros no sentido de que a Igreja Deus é Amor teria algum tipo de envolvimento com esquemas ligados ao tráfico de drogas.
A dúvida é de que maneira e por meio de qual elo frágil narcotraficantes teriam se infiltrado. Sidnei Moura parece nos indicar um caminho. “O caso Guilhermino não foi o único a levantar dúvidas sobre o tema – os dois filhos de David Miranda são conhecidos por terem uma relação instável na igreja, saem e voltam com frequência, e quando saem envolvem-se com traficantes. Porem, a força do sistema é extremamente cuidadosa para não expor suas fragilidades – daí a incerteza sobre todas essas acusações”, conclui Moura. Sobre a maneira como a instituição lidava com as denúncias, Moura ressalta que o “caso acabou sendo proibido de ser falado na igreja e membros chegaram a ser disciplinados por terem acesso a tais reportagens ou por insistirem no assunto.” Em uma circular despachada recentemente pela sede mundial da Igreja Deus é Amor, obreiros e demais membros são expressamente proibidos de manterem qualquer tipo de contato com ex-membros da IPDA.
Outros problemas
Se externamente a IPDA enfrenta acusações de evasão de divisas e lavagem de dinheiro (ainda não comprovadas), internamente também vem enfrentando uma série de problemas que atingem diretamente a cúpula. Com idade avançada (completou 76 anos em julho de 2012), David Miranda começa a dar sinais de que em breve terá de ser substituído na presidência. A dúvida permanece: quem deverá substituí-lo? Sérgio Sóra, ex-braço direito e genro do fundador era, até pelo menos o começo de 2005, a pessoa mais cotada para assumir a presidência mundial da IPDA. No entanto, desentendimentos e troca de acusações forçou a sua saída e de sua esposa Léia Miranda (atualmente se encontram separados, tendo Sérgio Sóra fundado, alguns meses depois, no Rio de Janeiro, a Igreja Evangélica Vida em Cristo; Léia Miranda congrega em uma igreja batista, também no Rio de Janeiro). Antes de Sóra, outros dois líderes da IPDA já haviam deixado a denominação para fundar seus próprios ministérios, entre 1991 e 1995. O “autoritarismo” de David Miranda, o rígido controle dos cofres das filiais e mudanças repentinas nas diretrizes da Igreja, são algumas das queixas e motivos de deserção. Declarações polêmicas do fundador, como a de que “Deus não opera nas Assembleias de Deus” e de que as redes sociais Twitter e Facebook (quando pessoas próximas e demais membros da IPDA possuem perfis) são “ferramentas do Diabo”, também são alvos de críticas e descontentamento geral.



Johnny Bernardo é jornalista, pesquisador da 
religiosidade brasileira e colaborador do Genizah

sábado, 4 de maio de 2013

Funk Gospel: Ah Moloque Loque Loque Lelek Lek Lek




Mexe ai varoa! 
Desce rebolando até o chão, em nome de Gizuz!
No passinho do ungido!




Geeenteee! Fui ver buscar e achei centenas de cartazes de festa deste tipo. O meu favorito é o abaixo. Gostei da ermã... KKK



Na origem destas maluquices há muitas influências, mas a principal é este sectarismo dos evangélicos brasileiros que cria um negócio de entretenimento para o gueto e acaba levando para o ambiente eclesiástico uma atividade quem não tem lugar ali. 

Igreja é lugar para tudo? Boate, restaurante, cinema,  teatro, baile funk, livraria, lanchonete, campo de luta, etc.? Devemos fazer uma versão gospel de tudo o que gostamos para consumo congregacional? Ou devemos viver como cristãos na igreja, no passeio, no trabalho, na escola, no baile, conforme o que nos convém como servos e a Bíblia nos orienta? Sendo luz para o mundo, fazendo a diferença para o próximo, sendo este, não necessariamente aquele ao lado no banco da igreja, mas, preferencialmente, aquele outro que lá não está e precisa desesperadamente conhecer a Cristo?

A gordura do churrasco evangélico não engorda? Sendo a chuleta crente o churrasco é ungido? 




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