A declaração vista na imagem do tweet do Bruno Mazeo, filho do saudoso Chico Anysio é mais do mesmo. É a resposta oficial da esquerda brasileira a qualquer crítica, em especial da classe artística militante.
A arte nobre da falácia retórica:
- Substitui-se a argumentação lógica por falso apelo à emoção;
- cum hoc ergo propter hoc, ou seja propõem-se uma causa falsa;
- E apela-se para a agressão – no melhor estilo Tu quoque, ou você também- indicando que se você acha que o que eu faço não é trabalho, pior são os pastores que vivem de dízimo. Estes são os ladrões.
E não foi o caso aqui, mas é tradição da esquerda o Argumentum ad hominem , quando na falta de melhor argumento, apela-se para a desqualificação da pessoa.
Nem entro no mérito da alegação de Mazeo. É muito ridícula e até previsível. Desde Tim Tones, personagem humorístico de seu pai retratando um pastor protestante ladrão, o desapresso da família Anysio pelos evangélicos é conhecido.E, embora eu até ache que há muitos pastores no país que deveriam pedir “couvert artístico”, ao invés de ofertas, tamanha a canastrice religiosa, não dá para esconder o fato de uma agressão generalizada é sempre boçal.
Entretanto, o clima é este mesmo nas redes sociais: a hostilidade dos internautas dirigida à classe artística e a reação boçal dos artistas nos mesmos termos.
E veja que este cenário de atrito não é coisa restrita aos evangélicos. É uma antipatia generalizada, ou melhor, envolve, quase que coincidentemente o mesmo conjunto de brasileiros que rejeita o governo do PT.
As razões são várias. A principal é a militância politica da classe artística que desde a democratização cresce a cada eleição em uma extensão que não se vê em outros países. E, como a esmagadora maioria dos artistas tem promovido os partidos de esquerda, a atual rejeição ao antigo governo é transferida aos artistas e a munição principal de ataque são as visíveis reciprocidades que alguns artistas receberam dos políticos na forma de contratos para eventos financiados pelo Estado e na aprovação de projetos para a captação incentivada.
Sobre este último ponto (leis de incentivo à Cultura), falaremos adiante. Este é um aspecto que pode e será revisto tanto na gestão, quanto na compreensão da maioria das pessoas. O mais importante é que a classe artística faça a sua autocritica em relação à forma como se portou nos recentes episódios de crise do país e se afastou do seu público:
1) Os artistas militaram fortemente contra a vontade da maioria pela destituição do PT do poder.
2) Os artistas ao tomarem conhecimento do rombo deixado no país e, apesar da situação de lamúria econômica em que nos encontramos, com 11 milhões de desempregados, a reação dos artistas militantes foi defender o SEU primeiro, ignorando o sacrifício de todos os brasileiros.
3) Uma vez que recuperaram o seu “glorioso ministério”, os artistas decidem permanecer boicotando o governo interino e ocupando as instalações de cultura do país, deixando claro a sua verdadeira intenção.
4) O perdão e esquecimento do povo não virão com facilidade. Está viva a lembrança dos artistas que incentivaram o voto no PT e chancelaram com suas reputações e notoriedades pessoais. As mentiras de Dilma colaram em suas imagens.
As Leis de Incentivo à Cultura.
Eu penso - e creio que todos nós assim pensaríamos se os ânimos gerais estivessem em condições normais de temperatura e pressão- que a gestão da cultura é muito importante para o país.
O Brasil é um país em que as expressões culturais mais eruditas não são acessíveis ao grande público e as expressões culturais regionais e folclóricas precisam de incentivo e preservação. Então, o arcabouço de incentivo da cultura que temos hoje é muito importante.
Contudo, quem já se envolveu com produção cultural sabe (eu sei, militei nesta área por algum tempo, produzindo e captando) que as coisas não funcionam como deveriam. O acesso aos incentivos municipais, estaduais e federais é, no mínimo, viciado.
A chamada Lei Rouanet permite que pessoas físicas e empresas apliquem parte do imposto devido em projetos aprovados pelo MinC . Por ano, mais de 1 bilhão de reais deixam de ir para o Tesouro e são usados nestes projetos. Contudo, os incentivos municipais e estaduais devem duplicar este valor. Pode parecer muito, mais considerando a população e o tamanho da economia do país não é muito.
O Brasil é um país em que as expressões culturais mais eruditas não são acessíveis ao grande público e as expressões culturais regionais e folclóricas precisam de incentivo e preservação. Então, o arcabouço de incentivo da cultura que temos hoje é muito importante.
Contudo, quem já se envolveu com produção cultural sabe (eu sei, militei nesta área por algum tempo, produzindo e captando) que as coisas não funcionam como deveriam. O acesso aos incentivos municipais, estaduais e federais é, no mínimo, viciado.
A chamada Lei Rouanet permite que pessoas físicas e empresas apliquem parte do imposto devido em projetos aprovados pelo MinC . Por ano, mais de 1 bilhão de reais deixam de ir para o Tesouro e são usados nestes projetos. Contudo, os incentivos municipais e estaduais devem duplicar este valor. Pode parecer muito, mais considerando a população e o tamanho da economia do país não é muito.
As criticas envolvem outros aspectos:
(1) Para começar, estes projetos não costumam contemplar as manifestações artísticas que mais precisam de incentivo. A rede de profissionais especializados envolvidos (e de networking, principalmente), fecha o acesso ao processo para a esmagadora maioria;
(2) As maiores empresas do país acabaram por criar suas próprias fundações. Você vai atende a uma exibição especial patrocinada por uma empresa multinacional ou vai visitar o magnifico centro cultural de um banco, por exemplo, e imagina que a empresa está “devolvendo” para a comunidade. Lêdo engano, prisco erro! É mecenato com o seu dinheiro camarada. O Brasil é um país sui gênesis. Aqui o capitalismo é sem capital. O dinheiro é do trabalhador, via BNDES, e o mecenato é majoritariamente financiado com isenção de impostos;
(3) O governo de esquerda aparelhou o Minc e o incentivo às manifestações culturais seguem a agenda gramcista. Projetos desta ordem, mesmo os mais esdrúxulos recebem com facilidade autorização para captar e as empresas estatais aportam seus orçamentos de incentivo graciosamente nestas excêntricas expressões de arte;
(4) Existem uma patotas de artísticas e produtores manjadíssimos até pelo povão, que movimentam seus projetos com uma destreza extraordinária, a ponto de ofertarem seus serviços de “despachantes culturais” a outros em troca de belas comissões. Sabemos todos quem são estas figuras e, principalmente, que sabemos que as suas fortunas e notoriedade dispensariam tais incentivos. Contudo... E;
5) Por fim, sabe-se que os bancos e empresas estatais reúnem o maior volume de financiamento de projetos incentivados. O leitor imagina quem recebe este financiamento? E será que quem os concede leva algum?